Boas notícias na mídia, indústria aceita reduzir Co2
Todo mundo sabe: os jornais trazem más notícias quase todos os dias: crise na Europa, matança no Oriente Médio, terrorismo mundo afora. Aqui, corrupção e ineficiência da máquina pública transtornam o cotidiano. E ainda convivemos com ritos arcaicos, e conseqüente demora secular da justiça, pra derrubar a autoestima perenizando a impunidade. Fora outra penca de pepinos. Mas não, não quero falar disto e sim que temos boas notícias na mídia.
Vale “compartilhar”.
Boas notícias na mídia: meio ambiente é o foco
Apesar do aumento das queimadas ( “Queimadas no País crescem 84% em relação a 2011”, O Estado de S. Paulo, pag. A 20, 22/8/12), ainda dá pra comemorar.
O mesmo jornal, na página anterior (A 19), publica manchetes promissoras: “Serra Pelada busca garimpo sustentável” e, logo abaixo, “Indústria aceita fazer plano para reduzir emissões de CO2”.
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Com boa vontade progredimos, mesmo na complexa equação do meio ambiente. Basta cada um fazer sua parte.
É preciso que o cidadão comum não jogue lixo na rua. Se tiver posses, e consciência, deve promover a reciclagem. Tomar banho mais rápido e dar carona quando possível. Ou escolher com extremo apuro os seus candidatos nas eleições. É outra obrigação. E ainda existem milhares de formas para contribuir com a manutenção da biodiversidade, maior ativo do Brasil.
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População mundial preocupa
Somos sete bilhões na Terra a consumir recursos naturais todo santo dia. O planeta é uma “nave pequena”, tem o mesmo tamanho desde Adão e Eva. Não existe ganho de produtividade capaz de minimizar a trombada. E o baque se avizinha. É preciso pensar no plural, e agir no singular. Quer dizer, “pensar globalmente e agir localmente”.
Fim do uso do mercúrio em garimpos: boas notícias na mídia
A matéria do Estado dá conta que a Coomispe, Cooperativa dos Garimpeiros de Minérios de Serra Pelada “quer promover o fim do uso de mercúrio na reabertura de uma das mais famosas jazidas minerais do mundo”. Isso mesmo, banir o mercúrio, uma chaga que destrói o solo, prejudica o ser humano, peixes, mangues, estuários, rios e florestas.
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Acidificação do oceano está à beira da transgressãoBrasil pega fogo, espanta o mundo, e Lula confessa: ‘não estamos preparados’Oceans 20, o Brasil agora terá que olhar para o marPior: ele detona a saúde. Quando entra nos ecossistemas aquáticos os microorganismos reagem. E transformam o metal que fica mais tóxico e muda, passa a ser metilmercúrio. Esta substância se acumula nas pessoas e, através da placenta, contamina o leite materno. As crianças que fazem uso dele nascem com distúrbios cerebrais que provocam déficit de linguagem, atenção, habilidades motoras e visuais.
Isto ocorre em escala avassaladora no mesmo Brasil em que “38% dos egressos do ensino superior são analfabetos funcionais”.
130 toneladas de mercúrio na Amazônia
Estima-se em 100, a 130 toneladas, o mercúrio introduzido na Amazônia nos últimos anos pela atividade garimpeira. Torço pela Cooperativa. Ela pensou plural. E agiu singularmente: enquanto espera propostas de grandes empresas mineradoras, porque conseguiu uma PLG (Permissão de Lavra Garimpeira outorgada pelo Departamento Nacional de Produção Mineral), buscou apoio na USP para criar um modelo de negócio que evite a contaminação.
A USP e o apoio à pequena mineração
A bola agora está com o Núcleo de Apoio à Pequena Mineração Responsável, da USP, cujo chefe é Giorgio de Tomi, doutorado pelo Imperial College, University of London (1995), mestrado pela Southern Illinois University (1989) e graduação em Engenharia de Minas pela Universidade de São Paulo (1983). São , ou não, boas notícias na mídia?
Plano do Tomi: “a única certeza é que usaremos o estado da arte da mineração, que é a técnica com o uso de cianeto. Caso contrario a USP não entraria no projeto”. E concluiu: “Não faria sentido promovermos tecnologias com o mercúrio”.
Bacana, não?
Esforço de redução de CO2
Na mesma página o jornal traz outra matéria que anima. Ela dá conta que “o setor produtivo brasileiro se comprometeu a participar do esforço nacional de redução de emissões de CO2 (causador do efeito estufa que acirra o aquecimento global) até 2020”.
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O texto explica que a Confederação Nacional da Indústria (CNI) fechou um acordo de cooperação técnica com o Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio, junto com o do Meio Ambiente, que prevê a conclusão de um plano com propostas pra reduzir em 5%, as emissões do setor até 2020.
Vale lembrar, somos protagonistas, o Brasil é um dos grandes emissores mundiais de gás carbônico (apesar do desmatamento causar 75% das nossas emissões…), mas também registrar, como realça a matéria,“ que esta é a primeira vez que governo e setor produtivo acordam entre si uma meta voluntária”.
Pensaram plural. E agiram.
Falta deter o desmatamento. Mas não queremos tudo de uma vez, ou queremos?
Foto do destaque, Serra Pelada,G1.globo.com