Temperatura da superfície dos oceanos bate recorde em 2023
De acordo com dados do governo dos EUA, a temperatura da superfície dos oceanos atingiu um recorde histórico desde o início dos registros de satélite, levando a ondas de calor marinhas em todo o mundo. Cientistas disseram que dados preliminares da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA) mostraram que a temperatura média na superfície do oceano está em 21,1°C desde o início de abril – superando a alta anterior de 21°C estabelecida em 2016. Segundo o Guardian, os pesquisadores disseram que o calor agora está subindo para a superfície do oceano, apontando para um potencial padrão de El Niño no Pacífico tropical ainda este ano, que pode aumentar o risco de condições climáticas extremas e desafiar ainda mais os recordes globais de calor. Se o El Niño de fato vier, isto pode ser mais um problemão para o aquecimento do planeta, já que vai contribuir para mais queimadas.
‘Sinal da mudança climática chegando alto e claro’
O Guardian ouviu o Dr. Mike McPhaden, pesquisador sênior da NOAA, para quem ‘o recente mergulho triplo La Niña chegou ao fim. Esse período prolongado de frio estava diminuindo as temperaturas médias globais da superfície, apesar do aumento dos gases de efeito estufa na atmosfera. Agora que acabou, provavelmente estamos vendo o sinal da mudança climática chegando alto e claro.’
Os períodos de La Niña – caracterizados por resfriamento no Pacífico tropical central e oriental e ventos alísios mais fortes – têm uma influência de resfriamento nas temperaturas globais. Contudo, durante os períodos de El Niño, as temperaturas oceânicas nessas regiões são mais quentes do que o normal e as temperaturas globais sobem.
Além das queimadas, podemos esperar ainda mais violência dos eventos extremos caso a previsão do El Niño se confirme. O Guardian cita um estudo publicado na revista Nature Reviews: Earth and Environment, mostrando que ‘A taxa de aquecimento nos 2 km superiores dobrou em relação aos níveis da década de 1960.
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Este esquentamento acontece em razão do excesso de gases de efeito estufa pelo uso de combustíveis fósseis e queimadas, em outras palavras, parece que um alimenta o outro numa escala perigosa. Tudo isto é absorvido pelos oceanos, ‘mais de 90% do calor extra’ dizem os cientistas. Assim, com a temperatura da superfície mais quente, os eventos extremos são intensificados.
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Outras consequências dos oceanos mais quentes
Antes o problema fosse apenas a intensidade dos eventos extremos. O Guardian mostra que ‘oceanos mais quentes fornecem mais energia para tempestades, além de colocar em risco as camadas de gelo e elevar o nível global do mar, causado pela expansão da água salgada à medida que aquece.’
Segundo o jornal, ‘As ondas de calor marinhas também podem ter efeitos devastadores na vida selvagem marinha e causar o branqueamento de corais em recifes tropicais. Experimentos também sugeriram que o aquecimento dos oceanos poderia alterar radicalmente a cadeia alimentar, promovendo o crescimento de algas e diminuindo os tipos de espécies que os humanos comem.’
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Porque os oceanos absorvem mais calor
Em outra matéria sobre o tema, esta de 2020, o Guardian explica porque os oceanos absorvem mais calor: ‘Dois terços da área do planeta são oceanos e a água pode absorver muito mais calor do que o ar. Como resultado, apenas 4% do calor retido pelos gases de efeito estufa aquece o ar e a terra, o excedente é absorvido pelos oceanos.
Desconsiderando por um momento a elevação do nível do mar, igualmente acelerado pelo calor dos oceanos, o jornal acentua que Os oceanos e a atmosfera estão inextricavelmente ligados. Mudar o calor do oceano significa mudar as chuvas, isso significa mais inundações em alguns lugares e mais secas e incêndios florestais em outros.
O jornal encerra a matéria questionando se algo pode ser feito. E ele mesmo responde: ‘Sim. O caminho para acabar com o aquecimento global e enfrentar a emergência climática é parar de emitir gases de efeito estufa. Mais importante, isso significa um rápido fim da queima de combustíveis fósseis, além da proteção e regeneração das florestas e redução das emissões da agricultura, em particular do gado. Não há tempo a perder.’