Granito retirado de 4 mil metros de profundidade aponta ‘lasca’ de continente perdido durante a separação da África e da América
HERTON ESCOBAR E GIOVANNA GIRARDI – Agência Estado
Pesquisadores brasileiros e japoneses apresentaram, na segunda-feira, 06, os primeiros resultados dos mergulhos mais profundos já feitos no Atlântico Sul. A bordo do minissubmarino Shinkai 6500, da Agência Japonesa de Ciência e Tecnologia da Terra e do Mar (Jamstec), eles desceram a mais de 4 mil metros de profundidade em dois pontos distantes da costa brasileira, trazendo imagens inéditas para a Biologia e da Geologia. E até brincaram, dizendo terem descoberto a “Atlântida brasileira”, em referência ao continente mitológico no fundo do mar.
Na Geologia, a descoberta mais interessante é que a Elevação do Rio Grande tem uma base de rocha granítica, o que sugere fortemente que essa formação esteve conectada ao continente no passado. “A expedição foi um sucesso”, comemorou o biólogo brasileiro Paulo Sumida, do Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (IO-USP), um dos quatro brasileiros que tiveram o privilégio de mergulhar com o Shinkai. O navio no qual eles viajavam, o Yokosuka, chegou no domingo ao Rio, após duas semanas de pesquisa em alto-mar.
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Seja como for, as imagens preliminares apresentadas nesta segunda já representam um marco para a Oceanografia brasileira e internacional, considerando que nunca foram realizados mergulhos antes a essa profundidade nesta região. “O Atlântico Sul é uma grande fronteira inexplorada das ciências marinhas”, disse o cientista chefe da expedição, Hiroshi Kitazato. “Tudo que a gente viu é novidade.”
Próximo passo
Pelas janelas e câmeras do Shinkai, os pesquisadores avistaram uma série de organismos que vivem na escuridão profunda, incluindo peixes, polvos, camarões, caranguejos, anêmonas pepinos do mar e corais. Foram realizados sete mergulhos: cinco na Dorsal de São Paulo, no borda da plataforma continental, e dois na Elevação do Rio Grande, uma enorme chapada submersa a 1,5 mil km da costa do Rio. A segunda pernada da expedição será sobre a Bacia de Santos, entre Rio e São Paulo.