Reserva Extrativista Lagoa do Jequiá: área utilizada por populações extrativistas tradicionais, cuja subsistência baseia-se no extrativismo e, complementarmente, na agricultura de subsistência e na criação de animais de pequeno porte. Sua criação visa a proteger os meios de vida e a cultura dessas populações, assegurando o uso sustentável dos recursos naturais da unidade.
BIOMA:Marinho Costeiro
Localização: litoral Sul de Alagoas, município de Jequiá da Praia.
ÁREA: 10.203,79 hectares
DIPLOMA LEGAL DE CRIAÇÃO: Dec s/nº de 27 de setembro de 2001
Tipo: uso sustentável
Plano de manejo: não há.
Caderno de Anotações
Reserva Extrativista Lagoa do Jequiá: mais uma visitada. Mais dúvidas sobre a validade desse tipo de Unidade de Conservação. A resex fica na lagoa de mesmo nome, infestada de Tucunarés, espécie originária das bacias Amazônica, e Araguaia-Tocantins.
Trouxeram o Tucunaré para a região
Este é um peixe carnívoro que se alimenta de camarões e outros peixes. Criadores trouxeram o Tucunaré para a região de Mato Grosso, e também para áreas do Nordeste. Ele acabou se tornando um problema já que vem dizimando espécies nativas.
Na Lagoa do Jequiá também há Tilápias, outra espécie agressiva, originária da África. Mais conhecida do grande público como Saint-Peter. Este nome ‘bonito’ foi o escolhido para que a Tilápia pudesse ‘frequentar’ o cardápio de restaurantes finos. Se continuasse com o nome original não haveria demanda.
O problema da introdução de tipos exóticos na Reserva Extrativista Lagoa do Jequiá
O problema da introdução de tipos exóticos, conhecido e discutido mundo afora, é que a prática é considerada como a segunda maior causa da perda de biodiversidade. A principal, como se sabe, é o desaparecimento de habitats naturais.
Conversei com vários pescadores da lagoa. Todos foram unânimes em apontar o Tucunaré como causa principal da diminuição do pescado na resex. Pior. Depois que é introduzido, e começa a se reproduzir, é praticamente impossível sua erradicação.
A introdução do Tucunaré em quase todo o Brasil deve-se principalmente a dois fatores: sua carne é bastante apreciada, e sua captura fascina os pescadores esportivos. Ele tem causado esses mesmos problemas no Pantanal desde que, em 1982, houve uma ruptura de um tanque criatório.
O problema da introdução de espécies exóticas ameaça toda a costa brasileira. E eles não se resumem a peixes. Há os corais, como o coral sol trazido por plataformas de petróleo que hoje ameaçam a baía de Ilha Grande, no Rio de Janeiro, e até o banco de corais de Abrolhos.
Resex, um tipo controverso de Unidade de Conservação
Por esses motivos, mais a constante extração por parte da população credenciada na resex, não acredito que a biodiversidade da Lagoa do Jequiá esteja assegurada. Ao contrário. É questão de tempo para que a fauna vá pro brejo de vez.
A flora que cerca a lagoa, leia-se Mata Atlântica, está agonizante. Toda a área em volta foi dedicada ao plantio da cana-de-açúcar, monocultura que por si já traz vários problemas.
Atualmente apenas a margem norte ainda conserva algum remanescente da mata original. Mesmo assim, misturada a palmeiras de coco. Do lado sul há diversos clarões, áreas totalmente desmatadas, e pequenas vilas onde não há qualquer tratamento de esgoto. A sujeira corre direto para a lagoa.
Reserva Extrativista Lagoa do Jequiá – os usineiros e o usucapião
Estas pobres vilas (Ponta de Pedra, Roçadinho, Ponta D’água, França, Alagoinha e Paturais) foram formadas, em parte, por medo dos usineiros da região.
De acordo com o analista ambiental que nos recebeu, Petrúcio Nascimento, os donos de terra tinham receio que seus funcionários pudessem, ao longo do tempo, ser beneficiados pelo usucapião e assim acabarem donos das casas em que moravam nas propriedades rurais.
A reação dos proprietários foi radical. Derrubaram as casas de seus funcionários que, sem ter para onde ir, acabaram criando estas vilas nas margens da lagoa.
Algumas destas pessoas continuam trabalhando nas usinas até hoje mas vão para o trabalho de ônibus…
Com todos estes problemas até quando a biodiversidade de Juquiá pode resistir?
Atravessando a cidade
O braço da lagoa que deságua no mar ainda atravessa a cidade de Jequiá da Praia, com 11 mil habitantes. Trata-se de mais uma cidade pobre de Alagoas, sem saneamento básico e por isso mesmo, mais um problema para a diversidade da Lagoa. Onde você imagina que o esgoto vai parar?
Tipos de pesca na Reserva Extrativista Lagoa do Jequiá
Além de peixes, são pescados o camarão, com um tipo de covo conhecido localmente como Ticuca, e siris que são filetados e vendidos em seguida.
E não são apenas os cadastrados na resex que pescam. Há também pescadores esportivos que frequentam a Lagoa e, de acordo com nosso barqueiro Isaac, pescam peixes abaixo do tamanho mínimo levando embora indivíduos que ainda não atingiram a maturidade, ou seja, antes de chegarem ao período de reprodução.
Barra do Jequiá
A praia onde se localiza a foz do braço da lagoa é o que se salva. Uma belíssima praia, com o rio cortando-a ao meio, o que dá ao local um charme extra. A beleza desta praia foi o que salvou a visita já que não acredito que a resex tenha a capacidade principal apregoada pelo ICMbio: “A criação da resex visa a proteger os meios de vida e a cultura dessas populações, assegurando o uso sustentável dos recursos naturais da unidade.”
SERVIÇOS
Não há qualquer restrição para a visitação da Resex.
Maiores informações sobre a UC: COORDENAÇÃO REGIONAL / VINCULAÇÃO: CR6 -Cabedelo
ENDEREÇO / CIDADE / UF / CEP: SUPES/AL – Av. Fernandes Lima, 4.023 Km 06 Farol – Maceió/AL – CEP: 57.057-000TELEFONE: (82) 2122.8331 – 2122.8301/VOIP (61) 3103-9852