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Repercussão da saída dos Estados Unidos do Acordo de Paris

Repercussão da saída dos Estados Unidos do Acordo de Paris

Depois de um 2024 tido como o ano mais quente dos últimos 125 mil anos, ao mesmo tempo em que uma série de incêndios devastou a Califórnia durante o que deveria ser a estação chuvosa, o presidente Donald Trump ordena a saída dos Estados Unidos do Acordo de Paris, segundo maior emissor de gases de efeito estufa depois da China (11% para o primeiro, e 30%para o segundo). O Mar Sem Fim pesquisou a net em busca da repercussão internacional.

Trump assina a saída dos Estados Unidos do acordo de Paris
Imagem, YouTube.

‘Acordo de Paris continua a ser tão essencial como sempre’

Para Ani Dasgupta, Presidente e CEO  do World Resources Institute, o Acordo de Paris continua a ser tão essencial como sempre, afinal, as negociações climáticas da ONU são a única plataforma em que cada nação tem voz em um dos desafios mais prementes do nosso tempo… É por isso que estou confiante de que praticamente todas as nações permanecerão comprometidas com o Acordo de Paris, apesar da saída dos Estados Unidos’.

‘Afastar-se do Acordo de Paris não protegerá os americanos dos impactos climáticos. Entretanto, dará à China e à União Europeia uma vantagem competitiva na economia de energia limpa em expansão e levará a menos oportunidades para os trabalhadores americanos’.

‘Enquanto o governo dos EUA se retira, os estados, as cidades e as empresas do país continuarão a impulsionar as ações climáticas. Da mesma forma, os incentivos de energia limpa da Lei de Redução da Inflação continuarão a ser um benefício econômico para as comunidades em todo o país, graças ao forte apoio de muitos republicanos e democratas. Não se engane, os Estados Unidos ainda estarão muito presentes na luta global contra as mudanças climáticas’.

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A opinião de cientistas sobre a saída dos EUA do Acordo de Paris

Segundo o Science Media Center, o professor Chris Hilson, diretor do Centro de Leitura para o Clima e Justiça da Universidade de Reading, parece concordar com Ani Dasgupta. ‘A retirada dos EUA (pela segunda vez) do Acordo de Paris provavelmente não terá o tipo de impacto que teve antes em termos de diplomacia internacional. Isso já está mais ou menos precificado. Outros países continuarão sem os EUA’.

Outro que emitiu opinião foi Bob Ward, diretor de políticas e comunicações do Grantham Research Institute on Climate Change and the Environment da London School of Economics and Political Science.

‘A decisão do presidente Trump de retirar mais uma vez os Estados Unidos do Acordo de Paris é extremamente decepcionante. Isso significa que o segundo maior emissor de gases de efeito estufa do mundo estará dando as costas ao acordo histórico. Ao mesmo tempo, isso acontece em um ano em que todos os países devem apresentar promessas de ação mais ambiciosas antes da próxima cúpula das Nações Unidas no Brasil, em novembro’.

‘O Acordo de Paris já provou ser muito mais resistente do que pensávamos’

Alicia Pérez-Porro, bióloga marinha, responsável pela interação de políticas e relações institucionais no Centro de Pesquisa Ecológica e Aplicações Florestais (CREAF), também falou.

Para ela, ‘o Acordo de Paris já provou ser muito mais resistente do que pensávamos no primeiro mandato de Trump. Quando ele disse, na época, que estava retirando os EUA do Acordo, todos tremeram, mas, no final, os EUA recuaram e a UE deu um passo à frente. O mundo mudou muito em termos geopolíticos desde o primeiro mandato de Trump…Continuo otimista, devido à resiliência do acordo e porque, se nos concentrarmos na transição energética, ela tem um componente econômico inegável. Os mercados e a economia estão se descarbonizando e essa é uma inércia que, independentemente de quem esteja na Casa Branca, não pode ser interrompida’.

Anna Cabré, física do clima, oceanógrafa e consultora de pesquisa da Universidade da Pensilvânia.

‘À primeira vista, esta é uma má notícia porque, sem cooperação e financiamento de todos os países, é difícil progredir. Além disso, estamos falando de um dos países que mais emite per capita e emitiu o máximo ao longo da história, ou seja, o que deve assumir mais responsabilidade, não menos. Além disso, é um país que já está sofrendo os efeitos das mudanças climáticas, como evidenciado pelos recentes incêndios em Los Angeles. Mesmo especialistas em economia dizem que a transição para um mundo de baixo carbono é uma oportunidade de negócio rentáve’l.

Personalidades mundiais

A Reuters publicou matéria com a opinião de várias autoridades mundiais, entre elas a chancelaria chinesa que declarou, ‘a China está preocupada com o anúncio dos EUA de que se retirará do Acordo de Paris. A mudança climática é um desafio comum que toda a humanidade enfrenta. Nenhum país pode ficar fora, e nenhum país pode ser imune a isso’.

Já o holandês Wopke Hoekstra, comissário do clima da UE, disse que ‘é realmente lamentável que a maior economia do mundo e um dos nossos aliados mais próximos na luta contra as mudanças climáticas esteja se retirando do Acordo de Paris. Apesar desse revés, continuamos comprometidos em trabalhar com os EUA e nossos parceiros internacionais para tratar da questão urgente das mudanças climáticas… O Acordo de Paris tem bases sólidas e veio para ficar’.

O New York Times fecha este breve apanhado lembrando que o país estará em péssima companhia. ‘Ao se retirarem, os Estados Unidos se juntarão ao Irã, Líbia e Iêmen como os únicos quatro países que não fazem parte do acordo, sob os quais as nações trabalham juntas para manter o aquecimento global abaixo dos níveis que podem levar a uma catástrofe ambiental’.

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