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Orla do Rio de Janeiro recebe menos esgoto in natura

Orla do Rio de Janeiro recebe menos esgoto in natura

Uma das grandes vergonhas do Brasil é a falta de saneamento básico. Segundo o Instituto Trata Brasil 32 milhões de brasileiros ainda não têm acesso à água potável. Mais de 90 milhões vivem sem coleta de esgoto. Apenas 52,2% do esgoto gerado recebe tratamento. O País também perde 37,8% da água nos sistemas de distribuição. Esse volume nunca chega de forma oficial às casas brasileiras.  Assim, saber que diminuiu o esgoto in natura na orla do Rio de Janeiro é motivo de comemoração.

São Conrado, na orla do Rio de Janeiro
São Conrado deixou de receber 5 bilhões de litros de esgoto por ano.

São Conrado deixa de receber 5 bilhões de litros de esgoto por ano

A Águas do Rio, vencedora da licitação do saneamento no Estado, anunciou uma queda drástica no despejo de esgoto no mar. Só em São Conrado, a redução chega a 5 bilhões de litros por ano. Como resultado, a praia bateu recorde de balneabilidade em 2025.

Entre 2010 e 2020, segundo o Inea, a água esteve própria para banho em apenas 22,4% do tempo. Desde 2021, quando começou a concessão dos serviços de água e esgoto, o índice subiu para 78% dos meses.

A balneabilidade recorde de São Conrado reflete ações da concessionária nos últimos três anos e meio. Entre as melhorias estão a reforma e a modernização das estações que captam e bombeiam o esgoto de mais de 100 mil moradores do bairro e da Rocinha até o Emissário Submarino de Ipanema. Graças a essas obras, o sistema agora opera 24 horas por dia.

O trabalho começou em 2021

Desde novembro de 2021 a Águas do Rio intensificou as fiscalizações para coibir o despejo irregular de esgoto nas redes de água de chuva que deságuam no mar.

Com esse trabalho, mais de 120 piscinas olímpicas de esgoto — o equivalente a 300 milhões de litros de poluentes — deixaram de chegar às redes pluviais, canais e praias.

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R$ 22,7 bilhões de reais para os cofre públicos do Estado

Quando aconteceu a privatização no Rio escrevemos que a concessão no Rio de Janeiro gerou nada menos que R$ 22,7 bilhões de reais, o que nos faz acreditar que, se houver também um esforço em educação ambiental, até mesmo a Baía de Guanabara alcance enfim a sua despoluição.

Pois bem, quatro anos depois o impensável começou a acontecer…

A qualidade da água da Baía de Guanabara está melhorando

A histórica carência de saneamento básico, aliada ao crescimento desordenado, nocauteou nosso mais icônico cartão postal, a Baía de Guanabara. Até poucos anos atrás ela recebia 15 mil litros de esgoto não tratado por segundo!

Acervo MSF.

Contudo, em abril de 2024 este site publicou Acredite, a qualidade da água da Baía de Guanabara está melhorando. Nele, explicamos e contextualizamos o processo. Primeiro veio o novo marco regulatório do saneamento, aprovado pelo Senado em 2020. Na época, aplaudimos o avanço e denunciamos os ‘ambientalistas rançosos’. Estes, por viés político, rejeitam privatizações mesmo quando elas ajudam a melhorar o meio ambiente.

Ela é a segunda maior baía do litoral brasileiro, com 412 quilômetros quadrados de espelho d’água, recebendo o deságue de cinquenta e cinco rios. Com 42 ilhas e 53 praias, conforme o estudo Características Físicas de Guanabara e Sua Bacia Hidrográfica, sua profundidade varia de alguns metros em suas margens até mais de 40 metros no canal principal, sendo a maioria rasa, com menos de 10 metros de profundidade.

O que gerou esta melhora na orla do Rio de Janeiro?

Simples, fazer os investimentos corretos que o Estado não fazia recuperando estações de tratamento e de bombeamento de esgoto, tubulações, registros e outras estruturas como aconteceu. O resultado foram 82 milhões de litros de água contaminada com esgoto que deixaram de cair nas praias oceânicas e da Baía de Guanabara desde 2024.

Acervo MSF.

Sucessivos relatórios do Inea mostram períodos cada vez maiores de balneabilidade em praias historicamente poluídas da Baía de Guanabara, como Paquetá, Flamengo e Urca.

Ricardo Gomes, diretor do Instituto Mar Urbano (IMU), biólogo, fotógrafo e cinegrafista declarou para o jornal O Dia: “Muito se fala dos problemas da baía, mas já posso afirmar que vejo um aumento na vida marinha e águas cada vez melhores para o mergulho, principalmente na enseada de Botafogo e Urca.”

Emissário submarino de Ipanema não era limpo havia 52 anos!

Uma das grandes ações da Águas do Rio foi a desobstrução do Interceptor Oceânico, túnel de 9 km de extensão responsável por coletar grande parte do esgoto da Zona Sul, e direcioná-lo para o Emissário Submarino de Ipanema. Após 52 anos sem limpeza e manutenção, cerca de 3 mil toneladas de resíduos foram removidas. Isso permitiu que o coletor operasse em sua capacidade máxima contribuindo para a melhoria da qualidade das praias, como a do Flamengo.

Pela primeira vez em muitos e muitos anos, há esperanças de boa saúde para nosso mais emblemático cartão postal, a Baía de Guanabara e a orla do Rio de Janeiro. Ainda vai demorar, e exigirá atenção do governo e da população quanto ao cumprimento dos prazos por parte da empresa. Mas estamos no rumo correto.

Litoral de Santa Catarina afunda em inúteis engordas de praias

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