Navio ou avião? Ekranoplan, o Monstro do Mar Cáspio
Rostislav Alexseev, um engenheiro russo, criou o Ekranoplan durante a Guerra Fria. Este ‘veículo’, uma combinação de navio e avião, tinha dimensões impressionantes: 74 metros de comprimento, 44 de envergadura e 19 de altura na cauda, pesando 285 toneladas. Projetado para transportar até 130 toneladas de carga, alcançava 450 km/h com dez turbo reatores. O Ekranoplan não navegava nem voava; ele levitava de 5 a 10 metros acima do mar, usando o efeito solo. Isso o tornava invisível a radares e sonares. O primeiro deles entrou para marinha russa em 1966.
‘Monstro do Mar Cáspio’
A CIA, numa missão de espionagem, fotografou o ‘veículo’, com as iniciais KM e o escudo da marinha russa na fuselagem. Entretanto, seu tamanho e forma estranhos confundiram os americanos, que o apelidaram de “Kaspian Monster” por causa das iniciais KM.
Acredite, o protótipo surgiu em 1966, e o último da série, em 1987, pouco antes do colapso da União Soviética. De frente, parecia um barco, mas de cima, mais com um avião. Essa ambiguidade deixou os americanos sem saber a sua verdadeira função.
De acordo com o robbreport.com, o Ekranoplan foi o único de sua classe a ser concluído e passou as últimas três décadas oculto em um píer no sul da Rússia
Dois anos atrás, em 2021, as autoridades russas retiraram um “monstro do mar Cáspio” de um píer militar remoto no mar Cáspio, o maior corpo de água do interior do mundo. Seu próximo destino será um museu na cidade de Derbent.
A mesma fonte também informa que o projeto do Ekranoplan visava atacar submarinos nucleares e porta-aviões da OTAN, motivo pelo qual equiparam-no com seis mísseis navais SS-N-22 da série “Sunburn”.
PUBLICIDADE
Segundo o theaviationist.com, embora não exijam altíssima tecnologia, estes modelos certamente demandam uma nova integração de tecnologias. Eles são mais complexos do que qualquer navio ou aeronave convencional, exigem manutenção extensiva para mantê-los em condições de navegar. Os motores turbofan são especialmente intensivos em manutenção. Seu desempenho se degrada significativamente em um ambiente de sal sem a manutenção adequada.
‘Aeronave de efeito terrestre com mísseis anti-navio’
O site hisutton.com indica que construíram a classe Lun WIG em 1987 e a colocaram em serviço em 1989, mostrando que há imprecisões entre as fontes. A OTAN acompanhou o desenvolvimento atentamente e nomeou o navio como classe UTKA. Devido ao alto custo, somente o primeiro, que a Marinha russa classifica como navio e não avião, foi completo.
Leia também
Projeto Ocean of Things, o futuro da exploração marinhaInteligência Artificial tem alto custo ambientalConheça o navio de guerra mais antigo do mundo ainda em serviçoA revista Forbes também abriu espaço para comentar este filho da Guerra Fria. ‘Era uma arma naval inigualável, a única vez que alguém combinou uma aeronave de efeito solo com mísseis supersônicos que poderiam atacar porta-aviões. Impressionantemente rápido e fortemente armado, o gigantesco avião Lun Class (WIG) é um super instrumento de ataque da Guerra Fria. Foi uma das armas navais mais distintas e menos compreendidas da Marinha Russa. Na década de 1980, a União Soviética planejava construir oito para enfrentar os EUA’.
‘A WIG craft, conhecida como Ekranoplan na Rússia, usa um fenômeno aerodinâmico conhecido como efeito solo… Isso reduz muito o arrasto, permitindo que o WIG carregue cargas pesadas em longas distâncias, especialmente sobre a água…Apenas a Rússia tentou construir um veículo assim’.
Assista ao vídeo do “Kaspian Monster”
Aqualines, empresa francesa quer reconstruir o modelo
Christian Buchet, historiador e ensaísta francês prega que, para a França, o mar é a maior força motriz. ‘Essa é a nossa oportunidade’. Buchet diz isso em razão da França ter a segunda maior ZEE do planeta, perdendo apenas para os Estados Unidos. Ele também é diretor científico da Oceanides, que reuniu 264 pesquisadores de 40 países para estudarem os oceanos.
Buchet é um entusiasta da jovem empresa Aqualines que se estabeleceu na área portuária de Bayonne com a ambição de desenvolver e, em seguida, construir navios de efeito solo. O objetivo é aplicar esta técnica ao transporte de passageiros.
O site www.entreprendre.fr destacou que Guillaume Catala, co-fundador da Aqualines, está levantando com seus associados, Laurent Godin (anteriormente líder da Airbus) e o empresário russo Pavel Tsarapkin, 15 milhões de euros para poder lançar em Bayonne (Pyrénées-Atlantiques) o primeiro veículo de efeito solo moderno, um autêntico TGV dos mares.
Esses novos ‘aviões/navios’, capazes de voar até 4 metros acima da água com velocidades de 200 a 320 km/h, provavelmente revolucionarão o transporte de passageiros no mar. A Aqualines planeja produzir veículos que possam acomodar até 300 passageiros. Os modelos trabalharão com motores elétricos, baterias e hidrogênio.
PUBLICIDADE
A ver se conseguirão.
Assista ao vídeo da empresa
Para a UNESCO os oceanos são os maiores aliados contra alterações do clima