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Naufrágios da Segunda Guerra Mundial e óleo no litoral

Naufrágios da Segunda Guerra Mundial e óleo no litoral brasileiro

Os estudos estão próximos de finalizados. Mas pesquisadores já descartam qualquer relação entre o óleo que atingiu o litoral brasileiro desde o final de agosto e as “caixas” de borracha que há mais de um ano chegam às praias de estados do Nordeste. Porém, tanto o óleo, ainda de origem desconhecida, quanto as “caixas”, na verdade fardos de borracha, trouxeram à tona um problema antigo capaz de danos à vida marinha e regiões costeiras: o potencial de poluição dos milhares de naufrágios da Segunda Guerra Mundial.

imagem o SS Rio Grande, um dos naufrágios da Segunda Guerra Mundial
O SS Rio Grande, um dos naufrágios da Segunda Guerra Mundial. Imagem, https://www.culturalheritageonline.com/.

Mais de 7,8 mil navios afundados durante a guerra

São mais de 7.800 navios afundados entre os anos da Segunda Guerra Mundial. Entre os quais, mais de 860 petroleiros, diz o estudo The Global Risk of Marine Pollution from WWII Shipwrecks: Examples from the Seven Seas, de Rean Monfils Gilbert. Bem como quantidade desconhecida de embarcações que transportavam agentes químicos, bombas, explosivos e armamentos de todos os tipos.

Outras fontes, entretanto, falam em 15 mil navios afundados durante a Segunda Guerra.

As misteriosas “caixas de borracha” são fardos

Para responder a questão, é preciso contar a história. Até o derramamento de óleo sem precedentes no litoral brasileiro, os fardos de borracha chegaram à costa por quase um ano sem grandes investigações.

Denominados “misteriosas caixas de borracha”.

Origem do óleo e dos fardos: navio naufragado?

Foi essa coincidência que levou pesquisadores da Universidade Federal do Ceará (UFC) a investigar a origem. Eles consideraram inicialmente que a causa dos fardos e do óleo poderia ser a mesma: navio naufragado (Veja aqui uma lista de naufrágios na costa brasileira).

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Óleo dos fardos não é antigo nem de poço natural

Uma das providências foi enviar amostras para análises no Woods Hole Oceanographic Institution (WHOI), Estados Unidos.

Um artigo com resultados será publicado. Entretanto, o professor da UFC, Rivelino Cavalcante, adianta algumas certezas. Também especializado em química, diz que o oleamento dos fardos foi eventual e além disso não é antigo.

SS Rio Grande, um dos naufrágios da Segunda Guerra Mundial e a origem dos fardos de borracha

Mas os fardos eram de um navio nazista: o SS Rio Grande. Curiosidade: até  1º de novembro de 2019, o SS Rio Grande era considerado pelo Guinness World Records, o naufrágio mais profundo encontrado até então, com 5.762 metros. Contudo, hoje sabe-se que o naufrágio mais profundo está a 6.8 mil metros abaixo da superfície.

O SS Rio Grande. Imagem, https://www.culturalheritageonline.com/.

Origem nazista dos fardos de borracha

Construído em 1939, era um navio de carga utilizada para a guerra, diz Luiz Ernesto Bezerra, também professor do Labomar. Era o tipo de navio rápido, projetado para fugir dos bloqueios naquela época de guerra.

Dois navios alemães com fardos de borracha abatidos

“Pesquisando, descobrimos que dois navios alemães foram afundados na costa do Rio Grande do Norte, em janeiro de 1944. Ambos com fardos de borracha. Um, o SS Rio Grande o; o outro, o Burgenland. A borracha equivalia ao plástico. A literatura do exército americano é farta desses fardos de borracha”, diz Bezerra.

Mais de 500, a maior parte, naufrágios da Segunda Guerra Mundial

“Entre Brasil e África, são mais de 500, a maior parte,  naufrágios da Segunda Guerra Mundial”. Os pesquisadores chegaram à conclusão de que os fardos são oriundos do Rio Grande, por meio de duas comprovaçõe, e outras evidências.

Fardos de borracha, nas praias também em 1944

Durante a Segunda Guerra, a Indochina Francesa esteve sob o domínio do Japão, parte do Eixo.  “Mas a Indochina Francesa existiu só até 1954. Então, só poderia tratar-se de material anterior, afirma Bezerra.

SS Rio Grande e Titanic, mesmo descobridor

Segundo ele, foi o período que mais teve afundamentos de navios, especialmente no Pacífico. Poucos até hoje localizados. Dos citados até agora, sabe-se o paradeiro do Rio Grande. Localizado pela mesma equipe que encontrou o  Titanic, porém em águas mais rasas.

Naufrágios da Segunda Guerra Mundial: não tem como escapar da corrosão

“Com o tempo, se deterioram e liberando cargas. A água do mar facilita corrosão, além de outros fatores, como bactérias e abalos sísmicos. Investigamos abalos na região pesquisada, mas nada apareceu (O mar Báltico enfrenta o mesmo problema).

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Cerca de 3.200 naufrágios da Segunda Guerra Mundial  no Atlântico

Como mostra a pesquisa Global Risk of Marine Pollution from WWII , boa parte dos naufrágios é de alto risco de poluição. Muitas embarcações carregavam armas químicas, do gás mostarda ao sarin, assim como de bombas a foguetes. Além dos mais de 860 petroleiros.

Todos sabem os males que acidentes com petróleo causam ao meio ambiente e às pessoas. As embarcações civis de cargas também transportavam produtos poluentes.

No Atlântico, finaliza a pesquisa, são cerca de 3.200 navios afundados só no período. Depois de mais de 74 anos do fim da Segunda Guerra Mundial, a humanidade está cada vez mais próxima de encontrar um legado em nada positivo.

Imagem de abertura: https://www.culturalheritageonline.com/.

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