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Naufrágio descoberto pode reescrever a história marítima nórdica

Naufrágio descoberto pode reescrever a história marítima nórdica

Os cinco naufrágios em Landfjärden, ao sul de Estocolmo, são conhecidos desde 1800 e mencionados em vários livros desde então. Antes, acreditava-se que eram navios da Era Viking (793 a 1066 d.C.). Em 2023, arqueólogos marinhos do museu Vrak, especializado em naufrágios, iniciaram uma investigação nos destroços. Descobriram que quatro embarcações datam dos anos 1600 e 1700, enquanto a mais antiga, Vrack 5, foi construída antes de 1480, possivelmente ainda na década de 1460, segundo o curador e gerente de projeto, Hakan Altrock. Agora, especialistas afirmam que essas descobertas podem reescrever a história marítima nórdica, envolvendo um dos povos mais enigmáticos da antiguidade, os vikings.

mergulhador em naufrágio
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Saiba mais sobre o Vrack 5

Segundo o Museu, o Vrak 5 é um grande navio que deveria ter cerca de 35 a 40 metros de comprimento e 10 metros de largura. Na popa fica o leme ainda ereto. Um toco  do mastro abatido durante uma  tempestade, composto de vários pedaços menores, ainda está de pé, no meio do navio.

O desenho deste Drakkar visto de frente destaca muito bem a característica do casco com tábuas sobrepostas, adotado pelos vikings. Ilustração, www.tandfonline.com.

A construção usava encaixes de tábuas, com as peças dispostas à borda, em vez da sobreposição típica da Era Viking em seus famosos Drakkar. Essa tecnologia permitiu criar embarcações maiores e mais resistentes. O surgimento dessa inovação respondeu à necessidade de equipar navios com canhões no século XV, já que apenas embarcações robustas e estáveis podiam suportar o peso dessas armas.

Desenho do casco do Vrack 5. llustração, Museu Vrack.

Em contraste, os tradicionais longships vikings seguiam o estilo clinker, com tábuas sobrepostas, tornando-os leves e relativamente flexíveis (no Brasil, chamados de “casco trincado”).

Já o uso de pranchas embutidas no estilo entalhado — uma inovação mediterrânea do século VII d.C., originalmente desenvolvida pelos fenícios, os primeiros a dominarem o Mediterrâneo — permitiu reforçar o casco, tornando-o mais resistente. Esse avanço se tornou crucial no século XV, quando os navios passaram a carregar canhões, explicou Altrock. Como resultado, as embarcações tradicionais construídas no estilo clinker logo se tornaram obsoletas.

O Drakkar dos vikings. Ilustração, rmg.co.uk.

A transição da construção de navios no hemisfério norte

Para a Live Science, que também repercutiu, esses detalhes fazem com que o Vrak 5 seja fundamental para a compreensão da transição dos navios construídos em estilo clínquer para os navios construídos com casco liso – um período importante na história marítima da Suécia.

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O Drakkar. Imagem, www.vikingeskibsmuseet.dk.

Para o especialista Hakan Altrock, ‘planejamos solicitar financiamento externo para uma escavação”, disse ele. “Esse navio representa um elo fascinante entre a construção naval medieval e a moderna.”

Os arqueólogos do Museu Vrak criaram um modelo digital do naufrágio com fotogrametria, técnica que combina fotografias digitais para gerar uma representação em três dimensões. Os resultados podem ser vistos neste link.

Assista ao vídeo e saiba mais

Imagem de abertura: www.expeditions.com

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