Perigo no prato: moluscos de SC têm plástico e toxinas
Segundo a Universidade Federal de Santa Catarina, (UFSC), campus de Itajaí, um estudo em andamento detectou microplásticos em ostras e mariscos produzidos no Estado. Os pesquisadores analisaram moluscos de dois polos importantes de cultivo: Penha e Bombinhas. O resultado assusta: todas as amostras estavam contaminadas. Em uma ostra, havia sete fragmentos de plástico. Em um mexilhão, 13.
Vale lembrar que Santa Catarina responde por 95% da produção nacional de moluscos. Por isso, o alerta é claro: é preciso muito cuidado ao consumir esses alimentos.
Os microplásticos nos oceanos
Mais um efeito colateral do nosso estilo de vida insustentável. Os oceanos enfrentam uma verdadeira pandemia de microplásticos — partículas minúsculas, invisíveis a olho nu.
Animais filtradores, como ostras e mariscos, ingerem essas partículas ao se alimentar. E, com isso, o plástico vai parar dentro do nosso prato.
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Ilhabela em último lugar no ranking de turismo 2025Garopaba destrói vegetação de restinga na cara duraCores do Lagamar, um espectro de esperançaNenhum oceano escapou. Nem mesmo o Ártico. Os microplásticos já entraram na cadeia alimentar humana. O problema é tão grave que já foram encontrados até no sal de cozinha.
Um estudo europeu citado pela euronews. estimou que uma pessoa pode ingerir o equivalente a um cartão de crédito por semana. E não, isso não é exagero nem fake news.
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Comemos plástico todos os dias — e não é força de expressão
Estudos da Universidade Médica de Viena e do WWF indicam que uma pessoa pode ingerir até cinco gramas de microplástico por semana — o equivalente a um cartão de crédito. Isso acontece principalmente pela água potável e por alimentos como mariscos, que costumam ser consumidos inteiros.
O problema é que o plástico não se biodegrada. Ele apenas se fragmenta em partículas cada vez menores e se espalha por todo o planeta — do fundo dos oceanos ao nosso prato.
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Produção de mexilhões em SC também está comprometida
A pesquisa da UFSC-Itajaí começou em fevereiro e deve durar um ano. Mas os resultados já preocupam. Em apenas três meses, os cientistas analisaram cerca de 60 amostras de ostras e mariscos cultivados em Penha e Bombinhas — e todas apresentaram microplásticos.
Não é um caso isolado. Um levantamento global, conduzido pela Hull York Medical School, no Reino Unido, analisou mais de 50 estudos entre 2014 e 2020. A conclusão: mexilhões, ostras e vieiras são os frutos do mar com maior contaminação por microplásticos. O motivo? Todos são animais filtradores — e o mar está saturado de partículas plásticas.
Segundo o professor Thiago Pereira Alves, que coordena o estudo catarinense, a pesquisa vai seguir ao longo das quatro estações para alertar a população. “Esses animais ingerem microplástico ao se alimentar. E isso está cada vez mais comum”, afirma.
Bon appétit!
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