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Matança de golfinhos em Faroé provoca comoção mundial

Matança de golfinhos em Faroé provoca comoção mundial

A matança acontece há séculos no arquipélago com 18 ilhas e população de 53 mil habitantes, uma região autônoma da Dinamarca. Ela foi regulamentada ‘na mais antiga lei faroense preservada, datada de 1298’, segundo o jornal The Guardian. Desde então, a caçada se repete  todos os anos sem nunca provocar mais que alguns poucos comentários. Mas desta vez foi diferente. O Sea Shepherd filmou a matança dos 1.428 golfinhos-de-cara-branca, e colocou o registro nas redes sociais. Foi o que bastou para a repercussão mundial poucas vezes vista, a ponto do governo das ilhas declarar que ‘iria iniciar uma avaliação dos regulamentos’. Matança de golfinhos em Faroé provoca repercussão mundial.

Imagem de matança de golfinhos em Faroé
Imagem, Sea Shepherd.

Matança de golfinhos em Faroé provoca repercussão mundial

A ação da ONG Sea Shepherd também demonstra que um dos grandes problemas do bioma marinho é o fato de que as pessoas não veem o que nele acontece.

Quando o fazem através de filmagens como a da ONG, ou do longa Seaspiracy, a revolta é geral e pode provocar mudanças. Isso é muito bem-vindo. A ver qual será a decisão do governo de Faroé.

Na era moderna, explica o Guardian, a caça envolveu as baleias-piloto, a segunda maior espécie de golfinho oceânico, superado em tamanho apenas pela orca. A tradição nas ilhas é tão forte que ‘desde 1584 todas as baleias-piloto mortas foram oficialmente registradas’.

Crianças participam da ‘tradição’. Imagem, Sea Shepherd

Acontece que no século 16 os animais eram fundamentais para a alimentação dos ilhéus. No século 21, não se justifica mais. Esta é a principal acusação dos ambientalistas contra a matança.

Apesar disso, pesquisa feita pela emissora pública Kringvarp Føroya, depois da repercussão global, mostra que 83% dos habitantes ainda apoiam a matança de baleias-piloto, e 53% se opõem à morte dos golfinhos-de-cara-branca.

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Em 2021 a ‘tradição’ foi quebrada

Em 1992 foi fundada a Associação de Baleeiros das Ilhas Faroe, para explicar e defender a matança tradicional de baleias nas ilhas, conhecida como “grind”.

A Associação diz que a caça é sustentável, regulada, tradicional, e que visa manter a tradição culinária de Faroé. Para além disso, os baleeiros aprendem a matar de forma ‘eficiente’ e tão ‘respeitosa’ quanto possível.

Uma lei local obriga todos que matam baleias ou golfinhos a fazerem um curso para aprender a usar a ferramenta em forma de arpão projetada para cortar a medula espinhal matando o animal imediatamente. Em seguida, a carne é dividida entre os caçadores e a comunidade local.

Escala da matança foi o que chocou

Segundo o Guardian, ‘a caça de domingo, no entanto, chocou muitos faroenses: a escala da matança – 1.428 em um dia – é mais de seis vezes o número normal de mortes em um ano inteiro’.

Alguns moradores criticaram o massacre porque havia poucas pessoas para lidar com os golfinhos e dizem que demorou muito.

Além disso, o arpão ‘mais humano’ usado para matar baleias-piloto não foi usado porque é muito grande para o golfinho-de-cara-branca, menor. Em vez disso, eles massacraram as criaturas com facas.

Imagem, news.europe.fr.

Eyðstein Zachariasen era um dos caçadores, diz o Guardian. Ele disse que o grupo foi estimado em 600 golfinhos e afirmou que a matança não teria ocorrido se os caçadores soubessem que havia mais de 1.400 animais.

Mesmo que eles tenham subestimado os números, não está claro por que os caçadores tomaram a decisão de matar um grupo tão grande. Alguns faroenses argumentam que os líderes da caça não demonstraram bom senso, talvez por inexperiência.

O primeiro-ministro, Bárður á Steig Nielsen, declarou depois da grita geral: “Levamos este assunto muito a sério. Embora essas caças sejam consideradas sustentáveis, iremos observar de perto a caça aos golfinhos e que papel ela deve desempenhar na sociedade faroense.”

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Imagem, Sea Shepherd

Seja como for, para nós a comoção global é extremamente positiva. Já que os governos não conseguem controlar a pesca em suas inúmeras e mortais modalidades, talvez a pressão da opinião pública o faça através de protestos e boicote. Não vemos outra maneira do massacre nos oceanos cessar.

E aproveitamos o ensejo para lembrar outro massacre anual de mamíferos marinhos, que servem tanto para comida, como para serem vendidos para os famigerados parques temáticos marinhos, o massacre de Taiji, Japão, já abordado por aqui inúmeras vezes.

Imagem de abertura: Sea Shepherd

Fontes: https://www.theguardian.com/environment/2021/sep/17/faroes-pm-pledges-dolphin-hunt-review-amid-outcry-at-carnage.

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