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Incêndios em Maui e os impactos ambientais

Incêndios em Maui e os impactos ambientais

Até o momento os devastadores incêndios em Maui custaram 115 vidas humanas, e um prejuízo bilionário. Para o governador do Havaí, Josh Green, os incêndios florestais foram o maior desastre natural da história. Green disse ainda que ‘as mudanças climáticas estão colocando uma pressão sem precedentes no Havaí’. Segundo a imprensa, 90% do Estado tem menos chuvas que há um século. A secura das florestas, aliada aos fortes ventos do furacão Dora, foram os principais impulsionadores da tragédia. Contudo, segundo o Washington Post, ‘os especialistas temem que uma catástrofe ambiental mais ampla esteja apenas começando’.

Incêndios em Maui
Maui em chamas. Imagem, Maui News.

Os impactos ambientais no Havaí

Um dos maiores será no turismo. O Havaí é um exemplo do que chamam de paraíso ambiental no meio do Pacífico, e sua economia é dependente da atividade. Mas, em termos do ambiente natural, a maior preocupação é com os recifes de corais. São especialmente eles que atraem a vida marinha e, em consequência, os turistas.

Os incêndios ocorrem em um momento em que os  corais do Havaí – e os do mundo –  já estão estressados. Durante 2014 e 2015, porções sem precedentes sofreram o  branqueamento. Até metade de alguns recifes morreram pelas temperaturas mais altas da água, provocadas pelo El Niño, informou o Post.

O jornal ouviu Jennifer Smith, especialista em corais da Universidade da Califórnia. Para ela, ‘os incêndios criaram um “enorme terreno baldio” de produtos químicos e outras substâncias tóxicas que podem ser arrastados para os oceanos durante uma chuva. Os incêndios também destroem a vegetação, acelerando o escoamento’.

“Pense nas garagens das pessoas e no que elas guardavam lá”, disse ela. “Isso tudo se transformou em cinzas.”

Smith disse que os sedimentos, cinzas e detritos poderiam efetivamente enterrar os recifes se entrassem nos oceanos em grandes quantidades. Se o escoamento levar fertilizantes ou esgoto rico em nitrogênio e fósforo, Smith disse que os recifes correm o risco de serem sufocados pela proliferação de algas, que podem crescer demais.

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Corais já estavam em risco antes do incêndios

Muitas das áreas queimadas são próximas ao litoral o que piora a situação.

Mesmo sem os incêndios os corais já estavam em risco. Como se sabe, em maio deste ano a NOAA declarou o início do El Niño. E não há nada pior para este importante ecossistema que águas quentes. Águas mais quentes, e produtos tóxicos, além de excesso de sedimentos, podem ser fatais para os corais.

Para piorar, muitas das comunidades que foram obliteradas, como Lahaina, ficaram à beira-mar. Portanto, os riscos de poluição marinha são enormes.

Paisagem tropical e florestas

O New York Times também destacou o atrativo turístico: ‘Os turistas lotam o Havaí em grande parte por sua paisagem tropical e florestas exuberantes, mas o estado também se tornou cada vez mais vulnerável a incêndios florestais. A área queimada anualmente por incêndios florestais quadruplicou nas últimas décadas.

Os incêndios são particularmente trágicos quando acontecem numa ilha. Como já explicamos, ilhas são importantíssimas do ponto de vista da biodiversidade e endemismo.

Segundo o site Island Conservation existem 465.000 ilhas no mundo. Juntas, elas cobrem 5,3% da área do planeta. Contudo, as ilhas representam a maior concentração de biodiversidade e, ao mesmo tempo, extinções de espécies. Espécies insulares costumam ser evolutivamente distintas e altamente vulneráveis ​​a novos distúrbios, particularmente espécies invasoras.

Recifes Olowalu, os mais antigos de Maui

Voltando aos corais de Maui, segundo o WP, ‘os especialistas estão particularmente preocupados com os recifes perto de Lahaina, como o recife Olowalu, que abriga algumas das estruturas de recife mais antigas das ilhas havaianas.

Veja como os recifes de corais Olowalu estão próximos à costa. Imagem, www.prideofmaui.com.

E esclarece: ‘Escoamento e detritos da terra são as principais ameaças, embora a chuva de cinzas no oceano também possa impedir que a luz solar necessária para a fotossíntese chegue aos recifes.’

Em 2017 o Mission Blue, uma aliança internacional para a conservação marinha, declarou os recifes de corais de o recife de Olowalu como mais um ‘ponto de esperança.’

Ainda de acordo com esta fonte, ‘Entre um grande número de vida marinha, alguns dos corais mais antigos (com mais de 300 anos) do estado do Havaí encontram sua casa aqui em Maui. O recife de Olowalu, abrangendo mais de 1.000 acres, é supostamente o maior e mais desenvolvido da Ilha do Vale.’ Em outras palavras, uma perda irreparável.

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Haverá consequências, diz o Post. As ilhas já sofrem com plantas e animais não nativos que causaram estragos em espécies que evoluíram para viver em ilhas com pouca competição.

Espécies invasivas e os incêndios

Os incêndios florestais no Havaí matam plantas e animais diretamente e também aceleram a propagação de gramíneas não nativas, ou seja, espécies invasivas que se recuperam mais facilmente após um incêndio, impedindo o crescimento de espécies nativas e criando mais combustível para o próximo incêndio.

Que ao menos mais esta tragédia faça com que os líderes mundiais deixem de lado questões menores e ajam para mitigar o aquecimento enquanto ainda há tempo.

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