Ilha de Salina, Patrimônio da UNESCO longe do turismo de massa
Problemas relacionados ao turismo de massa na Europa não chegaram na ilha de Salina. O risco de ser “recepcionado” com pistolas de água em restaurantes, como ocorreu, recentemente, na capital espanhola, está longe de ser realidade no sul da Itália. Mesmo na alta temporada, entre julho e agosto, quem desembarca naquela encantadora parte do globo consegue apreciar um destino que parece ter parado no tempo. Banhada pelo mar Tirreno – parte meridional do Mediterrâneo – a ilha de origem vulcânica oferece um ritmo de vida lento, com gastronomia e paisagens únicas. Este artigo as fotos são de Marina Guedes, especial para o Mar Sem Fim.
Arquipélago das Eólias, Patrimônio Mundial da UNESCO
O acesso exclusivamente marítimo contribui para a preservação da ilha de Salina e das outras seis que formam o arquipélago das Eólias, Patrimônio Mundial da UNESCO: Stromboli, Filicudi, Alicudi, Panarea, Lipari e Vulcano.
Avistada de longe, as duas montanhas em formato cônico (não se preocupe, a erupção mais recente por ali foi há mais de 13 mil anos) parecem iguais. Daí a razão de Salina ter sido chamada Didyme pelos gregos, que corresponde a “gêmeas”.
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Uma dica importante – não sou atleta profissional, mas fiz o percurso duas vezes – é levar bastante água, pois não há fonte potável pelo caminho. Além disso, comece o passeio cedo, para evitar o impacto direto do sol, já que a maior parte do trajeto não é protegida por sombra.
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A gastronomia
Uma das tarefas mais complexas em “ares sicilianos” (em toda a Itália, na verdade!) é escolher entre as tentadoras iguarias gastronômicas. Pela manhã, a tradição é saborear o brioche – pão doce e redondo. Como se não bastasse, essa “belezinha” pode receber o acréscimo de um recheio nada leve: sorvete!
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Se no decorrer do dia você ainda sentir fome, após esse farto café da manhã, a opção para almoço ou jantar responde pelo nome de pane cunzato: uma grande fatia de pão tostado, na forma de meia-lua, com diversos ingredientes por cima – atum, muçarela de búfala, tomate, alcaparras…quase uma pizza!
Confesso: salivei ao me lembrar do sabor daquela delícia! Ao entardecer, terá o incremento da vista para o mar azul-piscina emoldurado pelo céu violeta, degradê. Como consegui ir embora daquele paraíso? Ainda não sei!
Reconhecimento mundial
Il Postino, premiado filme italiano lançado em 1994 – traduzido no Brasil como “O Carteiro e o Poeta” – fez com que Pollara ganhasse o mundo.Trata-se de um pequeno povoado situado na base da cratera de um extinto vulcão, na costa oeste de Salina.
Quem se lembra quando o personagem que interpreta o poeta chileno Pablo Neruda, Philippe Noiret, escreve uma dedicatória ao ingênuo, e praticamente analfabeto, Mario, vivido pelo ator Massimo Troisi? Nessa e em outras cenas do longa-metragem, lá estava Pollara, local perfeito para contemplar um pôr do sol.
Perto da costa siciliana
Em dias de boa visibilidade, é possível avistar um dos mais altos vulcões em atividade no mundo. No início de junho deste ano a fumaça da erupção do Etna assustou turistas e foi vista até mesmo em Santa Marina, maior vilarejo de Salina.
Também não está longe, o porto de Porticello, em Palermo, onde o monocasco de luxo de bandeira inglesa, Bayesian, de 56 metros de comprimento, afundou, em agosto do ano passado. A tragédia vitimou sete pessoas, das vinte e duas embarcadas. Quase um ano depois, um mergulhador que trabalhava durante a retirada do veleiro do fundo do mar também perdeu a vida.
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Educação ambiental na praia de Scario
Quem vai à bela praia de Scario, na vila de Malfa, encontra atividades gratuitas voltadas à educação e conservação ambiental. O visitante tem a chance de aprender sobre a biodiversidade marinha e a importância de sua preservação.
Uma das práticas oferecidas é o mergulho de superfície, ou snorkel. Além disso, há cartazes informativos ao longo da trilha de acesso. A meta é envolver e conscientizar a população e turistas sobre as questões relacionadas aos oceanos.
Denominado SEATY, o projeto é uma iniciativa da ONG Worldrise. Ele também acontece em outros três destinos italianos: Capo Milazzo (Sicília) e outros dois na região da Sardenha, nas praias de Baracconi e Rena Bianca.
Como chegar ao paraíso?
A partir de Nápoles, são cerca de doze horas em balsa, para quem vai de carro ou a pé. Pela metade do tempo, somente aos passageiros, também há o aliscafo – embarcação estilo hidrofólio, cujo deslocamento é feito com o casco fora d ‘água.
A terceira alternativa é ir de trem até Milazzo, já em território siciliano. Em seguida, a travessia é feita por meio de balsa, bem mais rápida: quatro horas, em média. Somente para a temporada de verão, outro ponto de partida é a cidade de Palermo.
Viajar sem o carro não é problema. Uma vez na ilha, há grande oferta de aluguel de motos ou bicicletas, ideais para circular – já que a maioria das ruas são estreitas. Caminhar também é uma ótima alternativa para descobrir segredos e surpresas daquele lugar especial. Quem sabe assim, amenizar o peso na balança, após tantas delícias irresistíveis!
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