Geleiras derretem e podem liberar vírus extintos, dizem cientistas
A grande imprensa mundial aproveita o momento sinistro que vivemos com a pandemia que assola o planeta, para alertar sobre mais um problema provocado pelo aquecimento global. As geleiras derretem e podem liberar vírus extintos.
Como estas matérias são raras abaixo da Linha do Equador, o mar sem fim fez uma curadoria na rede para dar sua contribuição aos brasileiros interessados em ciências. Não nos interessa disseminar pânico, mas mostrar mais um aspecto do aquecimento global que nós mesmos provocamos. E torcer para que jamais cheguemos a este ponto.
Tivemos a mesma reação ao vermos que a ONU, em seu Environment Programme, alertava: ‘As doenças transmitidas de animais para humanos estão em ascensão, à medida que o mundo continua a ver uma destruição sem precedentes de habitats selvagens pela atividade humana.’
Eis o que descobrimos…
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“À medida que o planeta aquece e o gelo derrete, os cientistas alertam que podemos ver o ressurgimento de patógenos antigos atualmente desconhecidos pela ciência. Esses vírus, que ficaram adormecidos e trancados em geleiras e permafrost – solo permanentemente congelado – por centenas, senão milhares de anos, poderiam ‘acordar’, disseram pesquisadores.”
Como o derretimento de geleiras está levando ao ressurgimento de doenças ‘adormecidas’, estampou a BBC
“As mudanças climáticas estão derretendo o solo da região do ártico que existiu ali por milhares de anos. E, conforme o solo derrete, ele libera antigos vírus e bactérias que, depois de ficarem tanto tempo “dormentes”, voltam à vida.”
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“Em agosto de 2016, em uma região remota da tundra da Sibéria chamada Península Iamal, no Círculo Ártico, um garoto de 12 anos morreu e pelo menos 20 pessoas foram hospitalizadas após terem sido infectadas por antraz. A teoria é que, há mais de 75 anos, uma rena infectada com antraz morreu e sua carcaça congelada ficou presa sob uma camada de solo também congelado. Lá ela ficou até a onda de calor que invadiu a região no verão de 2016 – e derreteu o permafrost.”
Mudança climática derrete geleiras antigas e pode liberar vírus de 15.000 anos, diz o Daily Mail
“A mudança climática está derretendo geleiras antigas e pode liberar vírus de 15.000 anos. Vírus antigos desconhecidos com até 15.000 anos de idade foram descobertos à espreita no gelo pré-histórico no topo do planalto tibetano.”
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‘Não está claro o quão completos ou infecciosos esses vírus seriam’
Como dissemos no início, não nos interessa disseminar pânico, mas informar sobre os rumos de pesquisas atuais no primeiro mundo, e reforçar os alertas da ciência. Especialmente porque neste caso ele tem tudo a ver com um site especializado em meio ambiente.
O subtítulo acima foi tirado do texto da Newsweek.
Calota de Guliya, no Tibete
A revista explicou: “No início deste ano, os cientistas que analisaram duas amostras de núcleos de gelo da calota de Guliya, no Tibete, identificaram vários desses vírus. Uma das amostras principais datava 520 anos, enquanto a outra mantinha sedimentos trancados 15 mil anos atrás. Quatro dos gêneros de vírus – a classificação taxonômica entre espécies e família – já eram conhecidos, mas 28 nunca haviam sido vistos antes.”
Um capítulo na história biológica do planeta
“Os autores do estudo que mostra que as geleiras derretem dizem que a pesquisa fornece evidências de um método “ultra-limpo” de amostragem microbiana e viral – suficientemente limpo para extrair vírus da geleira ilesos e não contaminados. No entanto, também revela um capítulo na história biológica do planeta, expondo alguns dos micróbios que habitavam o solo centenas e milhares de anos atrás que poderiam, teoricamente, ressurgir à medida que o gelo derrete.”
Arquivos microbianos que podem nos ajudar
“Os autores alertam que o derretimento do gelo ‘liberará micróbios e vírus glaciais que foram presos e preservados por dezenas a centenas de milhares de anos. Esse derretimento pode destruir arquivos microbianos que podem nos ajudar a entender os regimes climáticos da Terra no passado. No entanto, na pior das hipóteses, esse derretimento de gelo pode liberar patógenos no ambiente, acrescentam.”
A cautela
“Sua pesquisa está na fase de pré-impressão, o que significa que não foi revisada por um painel de especialistas para confirmar as descobertas. Como tal, os resultados devem ser vistos com cautela. Também não está claro o quão completos ou infecciosos esses vírus seriam após o degelo. No entanto, os cientistas reviveram vírus que estavam inativos há milhares de anos, sugerindo que isso é pelo menos uma possibilidade.”
‘Vírus antigos poderiam representar um risco à saúde pública?’, perguntou a Newsweek
“Talvez”, disse Jean-Michel Claverie, professor de genômica e bioinformática da Universidade Aix-Marseille, na França, que não participou do estudo das geleiras tibetanas. ‘Eles podem ser vírus antigos que já conhecemos – como o vírus da varíola – que, erroneamente, achamos que foram erradicados’, acrescentou.” “Também poderia haver vírus que causaram extinções de animais ou humanos no passado, e que a medicina moderna não tem conhecimento. O mesmo vale para bactérias patogênicas, como as que causam antraz”.
“A pesquisa de Claverie mostrou que os vírus podem “sobreviver” dezenas de milhares de anos – “desde a era dos neandertais” – imperturbáveis, desde que as condições sejam adequadas. Em 2014, ele foi co-autor de um artigo descrevendo um “vírus gigante” de 30.000 anos extraído do permafrost da Sibéria. Fora do permafrost e no laboratório, ele reviveu, tornando-se infeccioso depois de um milênio adormecido.”
‘A caixa de pandora das doenças’
BBC: “O permafrost congelado é o lugar perfeito para as bactérias se manterem vivas por um longo período de tempo, talvez até um milhão de anos. Isso significa que o derretimento das geleiras pode abrir a caixa de pandora das doenças. A temperatura no Círculo Ártico está aumentando rapidamente, cerca de 3 vezes mais rápido do que no resto do mundo. Conforme o permafrost derrete, outros agentes infecciosos podem ser liberados.”
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“O permafrost é um bom lugar para preservar micróbios e vírus, porque ele é frio, não tem oxigênio e é escuro”, explica o biólogo evolucionista Jean-Michel Claverie da Universidade Aix-Marseille, na França (Note que é o mesmo cientista citado pela Newsweek). “Vírus patogênicos que podem infectar humanos ou animais podem ser preservados em camadas antigas de permafrost, inclusive alguns que podem ter causado epidemias globais no passado.”
Entretanto, Jean-Michel Claverie não está sozinho nesta linha de pesquisa. A BBC cita outros: “Em um estudo em 2011, Boris Revich e Marina Podolnaya escreveram: “Como consequência do derretimento do permafrost, vetores de doenças infecciosas mortais dos séculos 18 e 19 podem voltar, especialmente próximo aos cemitérios onde as vítimas dessas infecções foram enterradas.”
Geleiras derretem… O que podemos fazer sobre isso?
Estar atualizado sobre pesquisas de grande nomes da ciência é uma das possibilidades. Outra, é prestar atenção aos hábitos diários e contribuir para mitigar a ‘pegada’. Coisas simples, perfeitamente possíveis, como usar menos o carro próprio; oferecer e aceitar carona; evitar desperdício de energia em nossas casas e escritórios; consumir com responsabilidade (especialmente os poucos que podem neste País desigual), são outras que estão ao nosso alcance.
Vamos começar? Geleiras derretem… E saiba que não foram apenas estes três ícones da imprensa a abordarem a questão que provocou este post. A mais respeitada revista científica do mundo, a Nature, também…
A propósito, você… já plantou uma árvore?
Imagem de abertura: https://www.dailymail.co.uk/
Fontes: https://www.dailymail.co.uk/sciencetech/article-7885435/Climate-change-melting-ancient-glaciers-release-15-000-year-old-viruses.html; https://www.newsweek.com/melting-glaciers-thawing-permafrost-ancient-viruses-1486037; https://www.bbc.com/portuguese/vert-earth-39905298