A vida de um Mestre de embarcações do Maranhão: O Império de um Navegador, de Edson Fogaça
As embarcações do Maranhão, cuja técnica de construção vem sendo passada de pai para filho há séculos, ainda estão em pleno uso nesta região do país. As canoas costeiras, mostradas no filme, usam duas velas: a de proa, menor, conhecida como bujarrona, ou vela de estai; e a maior, carangueja, ou “grande”. Ambas são tingidas com corantes em tons fortes, nas cores azul, vermelha, amarela, etc.
Os cascos também são pintados em várias tonalidades, o que dá ao conjunto um aspecto peculiar, de muito bom gosto. São barcos bastante rústicos, que não utilizam motor ou qualquer tipo de instrumento, nem mesmo bússola. No máximo têm luzes de navegação.
Maranhão: três mil quilômetros de rios navegáveis
Um dos motivos para tantos barcos típicos é que este Estado tem três mil quilômetros de rios navegáveis. O outro é que seu litoral é o segundo em extensão, com 640 quilômetros de Atlântico, perdendo apenas para o da Bahia. Mas isto só não justifica tanta diversidade. A diferença é a formação da zona costeira daqui que tem, ao norte, as Reentrâncias Maranhenses; e, ao sul, a região de dunas, em Barreirinhas, seguida pelo Delta do rio Parnaíba, fronteira com Piauí. Todas elas são áreas alagadas com cidades, vilas, aldeias, e vilarejos, onde as estradas de rodagem são poucas e ruins. A via de comunicação são os barcos, quase como nos primórdios da colonização.
Brasil, uma nação marítima
Somos uma nação que tem uma das maiores zonas costeiras do planeta, com quase oito mil e quinhentos quilômetros. Durante os primeiros 200 anos após a descoberta, nossos antepassados viviam praticamente na orla, devido às grandes dificuldades impostas pelas matas fechadas, ou a serra do Mar, que impediam a penetração portuguesa para o interior. Provavelmente por estes fatores desenvolvemos a capacidade de construir centenas de tipos diferentes de barcos. Das pequenas jangadas a remo, até as que usam duas velas, passando pelos cúteres do Maranhão, os saveiros da Bahia, as canoas de tolda do São Francisco, as canoas de convés de Laguna, as Vigilengas, aqui do Norte. São dezenas de tipos, com influências portuguesas, indígenas, holandesas, asiáticas, africanas, etc. Uma pena saber que todo este acervo está, aos poucos, desaparecendo, sem que quase ninguém se dê conta de seu valor e tradição.
O Império de um Navegador, assista o filme
O filme conta um pouco da vida de Benedito Raposo Teixeira, conhecido por Silicrim.