COP 19 : Brasil insiste em medição das responsabilidades históricas
COP 19 : Brasil insiste em medição das responsabilidades históricas. País perde em 1º round de discussão; ideia é de criar uma metodologia para medir emissões e seus efeitos.
Proposta brasileira à Conferência do Clima da ONU
A proposta brasileira à Conferência do Clima da ONU de que as responsabilidades históricas de cada país na elevação da temperatura sejam medidas sofreu um revés ao ser totalmente bloqueada por países desenvolvidos.
COP 19 : Brasil insiste em medição das responsabilidades históricas: considerada controversa
Considerada controversa, especialmente pelos países ricos, foi vista por ambientalistas como uma tentativa de trazer equidade ao debate. E chegou a ser encampada pelo grupo dos países em desenvolvimento (o G-77) mais a China. Em um dos grupos de trabalho, o SBSTA, que trata de aspectos mais técnicos, foi vetada até mesmo a sua discussão.
O que o Brasil queria
O que o Brasil queria, explica o embaixador José Antonio Marcondes de Carvalho, é que o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), criasse metodologia que permitesse medir quais as contribuições das emissões de cada país desde a Revolução Industrial no aumento da temperatura.
Mais lidos
Declínio do berçário da baleia-franca e alerta aos atuais locais de avistagemPirataria moderna, conheça alguns fatos e estatísticasMunicípio de São Sebastião e o crescimento desordenadoFrota de pesca de atum derruba economia de MoçambiquePaíses precisam acordar Convenção do Clima
Antes de chegar a isso países precisam acordar que a Convenção do Clima consultasse oficialmente o IPCC sobre a possibilidade. Os países desenvolvidos não querem nem sequer que a consulta seja feita. Na reunião final do grupo técnico, países em desenvolvimento lamentaram que nenhum sinal objetivo e baseado na ciência sobre as responsabilidades históricas seja enviado de Varsóvia.
Ponto crucial da Convenção do Clima
É uma discussão sobre ponto crucial da Convenção do Clima – a chamada “responsabilidade comum, porém diferenciada”. Países desenvolvidos historicamente contribuíram muito mais com a quantidade de gases de efeito estufa – eles ficam mais de uma centena de anos no ar.
PUBLICIDADE
Os ricos tendem não gostar
Os ricos tendem não gostar muito desse “dedo na ferida” sobre o passado. Na discussão em torno da proposta brasileira, não se tinha muita certeza sobre esse impacto. Então as mensurações teriam de partir daí.
Proposta é bem-vinda
Para ONGs que acompanham a negociação, a proposta é bem-vinda. “Responsabilidade histórica sozinha não é base suficiente para uma revisão significativa de equidade, mas a proposta brasileira provê um pontapé inicial, e responsabilidade é necessariamente um pilar de qualquer revisão feita nesse sentido”, escreve a Climate Action Network (CAN) em seu boletim.
Leia também
Acidificação do oceano está à beira da transgressãoConheça o novo navio de carga híbridoBrasil pega fogo, espanta o mundo, e Lula confessa: ‘não estamos preparados’Especialistas: proposta não vai passar
Nos corredores, no entanto, especialistas na diplomacia do carbono dizem que muito provavelmente a proposta não vai passar, porque nenhum país desenvolvido vai aceitar que por meio de uma conta como essas se diga quanto ele vai ter de reduzir de emissões. O Brasil alega que é apenas uma referência e vai insistir na proposta nesta semana em outra via, a que discute o acordo de 2015.
Nesta terça-feira, 19, começa o segmento de alto nível da COP, quando chegam os ministros de Estado para a discussão. A reunião oficialmente termina na sexta-feira, mas provavelmente se estenderá até sábado.
Giovana Girardi, Enviada especial / Varsóvia