COP 27, 90% dos patrocinadores são ligados ao setor de combustíveis fósseis
Segundo o www.corporateeurope.org, ’18 dos 20 patrocinadores da COP 27, atualmente em andamento no Egito, apoiam diretamente ou fazem parceria com a indústria de combustíveis fósseis, de acordo com uma análise do Corporate Accountability’. Enquanto isso, o New York Times destacou: ‘A decisão de incluir a Coca-Cola (o link sobre a marca de refringentes leva a post do MSF que mostra a gigantesca contribuição da empresa para a poluição atmosférica e dos oceanos) como um dos principais patrocinadores da cúpula das Nações Unidas em Sharm el Sheikh, Egito, irritou muitos ativistas climáticos, que citam um relatório recente que diz que a produção de plásticos da empresa está aumentando’. E como não irritar, quando a Coca-Cola é a maior poluidora mundial de plásticos, pensamos nós? Ao que parece, a COP 27 pode ser chamada, igualmente, a COP DA INSENSATEZ.
As incoerências da ONU não só nas cúpulas do clima
Antes de mais nada, saiba que foram 3.400 garrafas de plástico por segundo (em 2016). E o plástico é, primordialmente, oriundo de, um, dois, e lá vão os…petróleo! O Greenpeace estimou este número impressionante sobre a quantidade de PETs fabricadas pela gigante Coca-Cola.
Por outro lado, matéria do site www.nypost.com, de 2019, diz que “Pelo segundo ano consecutivo, a organização sem fins lucrativos Break Free From Plastic apontou a Coca-Cola como a maior produtora de resíduos plásticos.
E qual é um dos maiores problemas dos oceanos segundo a ONU? A pandemia de plástico! Mas, desde que ela patrocine…
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Desde já, não pense que estas são as únicas incoerências da ONU. Este site tem apontado outras, patrocinadas pela IMO – Organização Marítima Internacional – uma agência da ONU, que igualmente polui a atmosfera e os oceanos de modo escandaloso.
No post Indústria naval mundial ‘opta’ pela poluição marinha, mostramos a pervertida atuação da IMO sobretudo na questão da poluição gerada pela frota mundial de navios que age sob o guarda-chuva da agência.
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O combustível de navios é um tipo de óleo pesado com alto teor de enxofre. Um subproduto semelhante ao alcatrão do processo de destilação do petróleo bruto. A revista Forbes, em matéria já citada, explica melhor: ‘O óleo que é queimado é o material com o qual a indústria do petróleo não sabe o que fazer. Em outras palavras, é o lodo do final do processo de refino’.
Ao mesmo tempo, o Mar Sem Fim já mostrou que a emissão de CO2 de um navio equivale a mais de 83 mil automóveis. Alguns poluem tanto quanto uma cidade. Os maiores consomem 363.399 litros de combustível poluente por dia!
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Tundra do Ártico emite mais carbono do que absorveVanuatu leva falha global em emissões à HaiaO plâncton ‘não sobreviverá às mudanças do clima’Pressionada pelo aquecimento global em 2020, a IMO decidiu reduzir as emissões de enxofre. E, diz o Guardian, em seguida escolher entre um combustível mais limpo, consequentemente mais caro. Ou instalar um sistema de depuração para limpar os gases de escape. A IMO aceitou este último.
Saiba o que são os depuradores e a poluição que geram
O WWF diz que além de maximizar os lucros, os depuradores causam acidificação e poluição marinha. Eles usam um fluxo contínuo de água do mar que é descarregado no oceano contaminado e ácido.
Acontece que a acidificação dos oceanos é mais um dos graves problemas gerados pelo aquecimento. Alterou a água do mar, tradicionalmente alcalina, ao diminuir a concentração de íons carbonatos.
Década da Ciência Oceânica para o Desenvolvimento Sustentável
No momento em que a ONU lança a Década da Ciência Oceânica para o Desenvolvimento Sustentável, e o secretário-geral António Guterres usa expressões como ‘a humanidade enfrenta um suicídio coletivo devido à crise climática’, é surpreendente que o braço da organização, a IMO, aceite e induza a maracutaia de uma indústria de US$ 3 trilhões de dólares.
Outros patrocinadores da COP 27
Segundo o www.corporateeurope.org, ‘Bancos que financiam diretamente o setor, como o Afreximbank, que criou um banco de energia multibilionário que financiará projetos de petróleo e gás existentes ou novos’.
Ainda neste setor, outro patrocinador é o ‘Mashreq, banco privado mais antigo dos Emirados Árabes Unidos que ajuda multinacionais a refinanciar operações de petróleo e gás, empreendimentos e instalações’.
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E mais, ‘Empresas envolvidas na construção e operação de usinas a gás, como a Orascom Construction‘.’
Três gigantes do Vale do Silício também patrocinam a COP 27
‘Três gigantes do vale do silício têm fortes laços com a indústria: o Google continua a aceitar a publicidade de combustíveis fósseis, apesar de afirmar que parou’.
‘A Microsoft fornece tecnologia para otimizar a extração de petróleo e gás. Por último, a IBM que realiza pesquisas sobre saídas de emergência da indústria, como Captura, Utilização e Armazenamento de Carbono (CCUS).’
Para encerrar a lista de patrocinadores sujos, ‘Companhias aéreas que ignoram seu consumo de combustível fóssil, como o voo ‘amigo do clima’ da Egyptair, que ‘desconsidera’ suas emissões de combustível fóssil e se concentra em reduzir o uso de plásticos descartáveis.’
Por último, ‘Empresas de comunicação que fornecem serviços para o setor, como a Vodafone, cujo presidente também atuou como vice-presidente do conselho de administração da Shell por nove anos, bem como a Cisco, fornecedor líder de segurança cibernética para o setor.’
Lobby dos combustíveis fósseis na COP 27
Com todas estas incoerências difíceis de serem aceitas saiba, entretanto, que ‘o lobby dos combustíveis fósseis traz à COP 27 uma delegação maior do que qualquer delegação africana’, informa Ana Carolina Amaral, em matéria da Folha de S. Paulo (10/11).
‘O setor, diz Ana Carolina, tem 636 representantes na conferência deste ano. O número é 26% maior do que na COP 26, no ano passado, quando havia 503 lobistas.
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A jornalista mostra que “Há um aumento da influência da indústria de combustíveis fósseis nas negociações sobre o clima que já estão repletas de acusações de censura da sociedade civil e influência corporativa”, afirma uma nota das organizações Corporate Accountability, Corporate Europe Observatory e Global Witness..’.
E, então, como ficamos? Apesar das baixarias, não é tudo. Por exemplo, tem coisas piores..
‘Como a poluição por petróleo do anfitrião da conferência ameaça uma das principais barreiras de coral do mundo’
O título acima está entre aspas porque é o título de matéria da BBC.com (16/11), que destaca mais este desatino.
A rede inglesa explica: ‘O Egito recebe líderes mundiais para discutir ações sobre mudanças climáticas como parte da conferência COP 27 das Nações Unidas. Todavia, enquanto isso um terminal de petróleo do país despeja águas tóxicas no litoral do Mar Vermelho, segundo uma investigação da BBC News Arabic. O despejo ameaça uma forma rara de coral que é conhecida como esperança de preservação da vida oceânica diante do aquecimento global.’
‘Documentos vazados obtidos pela BBC e pela organização jornalística SourceMaterial revelam que a “água produzida” (ou água residual) do terminal petrolífero de Ras Shukeir, do Egito, é despejada no Mar Vermelho todos os dias.’
‘O líquido não tratado — que vem à superfície durante a perfuração de petróleo e gás — contém altos níveis de toxinas, óleo e graxa.’
‘Todos os dias, 40 mil metros cúbicos dessa água tóxica — o equivalente a 16 piscinas olímpicas — são despejados no Mar Vermelho, dizem os documentos.’
Por último, diz a BBC, ‘Os documentos vazados indicam que o governo do Egito tem conhecimento do problema desde pelo menos 2019.’
O Mar Sim Fim torce para estarmos errados. Contudo esta parece que não é a COP 27. É, sobretudo, a COP da Insensatez.