Cientistas rebatem pescadores em defesa dos animais ameaçados
Pesquisadores afirmam que críticas do setor pesqueiro são “totalmente infundadas”. Já, o sindicato de Itajaí defende que peixes não estão ameaçados de verdade. E pressiona governo para revogar a lista que limita a pesca de várias espécies de interesse comercial. Agora é assim: cientistas versus pescadores.
Cientistas divulgaram nessa semana uma carta de apoio ao Ministério do Meio Ambiente em defesa da lista nacional de espécies aquáticas ameaçadas de extinção. Ela foi publicada no final do ano passado. Na primeira semana do ano, pescadores protestaram contra a restrição bloqueando o segundo maior porto do país.
Cientistas versus pescadores
O sindicato dos pescadores de Itajaí (SC), principal polo da pesca industrial no país, defende que muitas das espécies incluídas na portaria não estão de fato ameaçadas. E pressiona o governo para que elas sejam retiradas da lista. O Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA) e o MMA criaram um grupo de trabalho para analisar os pleitos. Espécies listadas como ameaçadas não podem ser pescadas, ou estão sujeitas a restrições de captura.
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Em entrevista ao jornal Estado de São Paulo, o presidente do Sindicato dos Armadores e das Indústrias de Pesca de Itajaí e Região (Sindipi), Giovani Monteiro, disse que os dados usados pelo MMA para subsidiar a lista eram “ridículos”. Acrescentou que que as espécies classificadas como ameaçadas são, na verdade, abudantes. Os questionamentos envolvem espécies de grande interesse comercial, como garoupas, chernes e cações.
Nota dos pesquisadores
“Entendemos que a revogação da Portaria 445/2014 ou a alteração da lista publicada no Anexo I, sem o aporte de novas informações biológicas pertinentes, representaria um desrespeito a um trabalho reconhecido internacionalmente como exemplar. E fundamentado no conhecimento de centenas de pesquisadores qualificados. Através de trabalho minucioso e de qualidade, aportaram e tornaram públicas informações inéditas sobre a biodiversidade brasileira. Adicionalmente, a revogação dessa portaria seria um retrocesso à conservação da fauna brasileira. Especialmente tendo em vista que o processo conduzido pelo MMA desde meados da década passada, subsidiará as principais ferramentas de gestão do patrimônio natural do país no futuro. Dessa forma, manifestamos nosso total e irrestrito apoio à Ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, em prol da manutenção integral da Portaria 445/2014.”
A carta é assinada por 29 cientistas, de diversas instituições, e um abaixo-assinado foi lançado no site Avaaz, pela manutenção da portaria. No Brasil é assim, a própria Presidente da República já liberou a pesca em período reprodutivo. Pode?
Fonte: Herton Escobar- Estadão