❯❯ Acessar versão original

Escolha o ar-condicionado ideal, amigo do meio ambiente

Ar-condicionado, a escolha certa ajuda a combater crise climática  e a economizar na conta de luz

Com a proximidade do verão e as temperaturas aumentando mais a cada ano, muita gente deseja comprar um aparelho de ar-condicionado. Ou trocar o modelo antigo que já não refrigera tão bem, além de fazer um barulho insuportável. Antes de ir às compras, porém, o consumidor precisa saber: os condicionadores de ar não são amigáveis ao meio ambiente. Colaboram diretamente nas emissões globais de gases de efeito estufa por utilizarem hidrofluocarbonetos (HFCs) – gases que contêm hidrogênio, flúor e carbono. E, em consequência, para o aquecimento global, responsável pela crise climática que já castiga toda a vida no planeta. Os ares-condicionados colaboram ainda indiretamente nas emissões pelo aumento no consumo de energia elétrica.

Escolha errada de ar-condicionado, conta de luz mais cara

Consumir mais energia também mexe bastante no bolso dos cidadãos na hora de pagar as contas de luz. Sim, elas ficam bem mais salgadas com condicionadores de ar. Especialmente, no Brasil, onde parte razoável dos aparelhos disponíveis atualmente no mercado pode ser comparada a verdadeiras “carroças” em termos de eficiência energética. Porém, os mais calorentos não precisam sofrer no próximo verão. Basta fazer a escolha certa na hora da compra, optando pelos mais eficientes.  Mas é preciso investigar bem, o que não será fácil. Mar Sem Fim separou algumas dicas e informações valiosas para o cidadão escolher com maior consciência ambiental e em defesa do próprio bolso.

Vários modelos de ar-condicionado vão sair do mercado

É preciso, antes, ficar atento às novas readequações das normas de etiquetagem de eficiência energética para ar-condicionado. Elas estão sendo elaboradas e a nova metodologia deve ficar pronta até o final deste ano para consulta pública, segundo Marcos Borges, chefe da área de regulamentação do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro). As atuais estão defasadas e os aparelhos que hoje estão nas piores classificações vão sair do mercado a partir de julho de 2020. Já nem são mais produzidos desde julho deste ano e os fabricantes só poderão vendê-los ao varejo até 31 de dezembro de 2019. Isso decorre da atualização dos padrões mínimos de eficiência energética para ares-condicionados, após anos de atraso. A última foi em 2011.

Ar-condicionado, padrão mexicano é mais exigente

A atualização foi aprovada em 2018 pelo Ministério de Minas e Energia (MME), elevando em 16% o índice que vigorava desde 2011. Esses 16% ainda são considerados baixos pelos especialistas. “Os níveis mínimos exigidos no Brasil ainda estão abaixo de países como China, Arábia Saudita e Vietnã. Quando comparados aos japoneses e sul-coreanos, os mais eficientes, a diferença é ainda maior”, diz Clauber Leite, pesquisador em Energia e Consumo Sustentável do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec). Uma pesquisa do Idec mostra que, se comparados aos padrões mexicanos, apenas 19 do total de 695 aparelhos de ar-condicionado classificados como os mais eficientes no Brasil manteriam essa posição. O estudo foi elaborado em parceria com a consultoria Mitsidi Projetos.

Ar-condicionado, os mais eficientes são “A”

Outra pesquisa do Idec aponta ainda que é muito difícil encontrar os equipamentos mais eficientes no comércio eletrônico. Portanto, é preciso pesquisar bem. Assim, a primeira dica de Mar Sem Fim: o consumidor deve fugir dos condicionadores de ar classificados abaixo de “B” no Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE), do Inmetro. Trata-se daquela etiqueta colada em equipamentos, carros e aparelhos eletrodomésticos, entre outros. Obrigatórias para os fabricantes, elas classificam os condicionadores de ar de “A” a “D”. Os mais eficientes no uso de energia elétrica são classificados como “A”. Já “D” relaciona os que consomem mais e estão no limite permitido pelas leis brasileiras de eficiência energética.

PUBLICIDADE

37% dos ares-condicionados deixarão de ser comercializados

O consumidor que puder deve evitar inclusive os da faixa “B”, pois esses produtos podem ir para um “C” ou “D”, após a reclassificação em curso. Com as mudanças nos índices mínimos exigidos, o MME prevê “que cerca de 37% dos atuais modelos de condicionadores de ar comercializados no País não sejam mais vendidos”. Para garantir que o ar condicionado escolhido é realmente eficiente, é preciso prestar atenção ainda se ele também carrega o selo Procel, do Programa Nacional de Energia Elétrica. Embora este também seja revisto, após a reclassificação do programa de etiquetagem.

Selo Procel, garantia de eficiência energética

Coordenado pelo MME, o selo Procel foi instituído em 1985 e é executado pela Eletrobras. Visa promover o uso eficiente de energia elétrica, combater o desperdício e estimular o desenvolvimento tecnológico dos equipamentos comercializados no mercado brasileiro. Todos os produtos etiquetados com a letra “A” pelo PBE são elegíveis para obter o selo, mas ele é opcional para os fabricantes e importadores.

Com a demora na atualização dos índices, 77% dos ares-condicionados de modelo Split estão na faixa “A”. Concentração que não é considerada boa pelos especialistas e resultado da demora na atualização do índice.

Ar-condicionado, a melhor tecnologia é a inverter

No site do Procel (http://www.procelinfo.com.br/), é possível encontrar uma relação atualizada em 11 de outubro de 2019. Ela tem 636 modelos Split, de cerca de duas dezenas de fornecedores. É muita coisa? Mar Sem Fim tem outra dica. O consumidor pode ignorar, se desejar, as primeiras páginas da lista do Procel com aparelhos que carregam o selo até o momento em que visualizar “Condicionadores de AR, rotação variável”, no topo à esquerda. Nessa lista, com 285 produtos de 16 fabricantes, estão inseridos os equipamentos com a melhor tecnologia desenvolvida até o momento para o segmento: a inverter.

Ar-condicionado inverter, eficiência superior a 50%

“A tendência é que na readequação das normas de etiquetagem apenas os condicionadores de ar com essa tecnologia sejam classificados como ‘A’ e os demais caiam para as outras faixas”, afirma Borges, do Inmetro. É fácil entender o motivo. Essa tecnologia controla melhor a velocidade de rotação dos motores elétricos, bem como a potência dos compressores. Como a rotação é variável e contínua, ela evita o liga-desliga dos aparelhos convencionais. E  evita os picos de energia. Também mantém a temperatura estável. Tudo isso resulta em uma eficiência superior a 50% em relação aos modelos com tecnologias mais antigas.

Ar-condicionado inverter, economia de até 70% na conta de luz

Segundo os especialistas, com a tecnologia inverter é possível economizar entre 40% e 70% do consumo de energia, também em comparação aos modelos convencionais. E é ela que está deixando outros países muito a frente do Brasil quando se compara a eficiência. Entretanto, equipamentos com essa tecnologia são em torno de 30% mais caros. Mas, com a economia na conta de luz, é possível comprar um novo ar-condicionado em menos de dez anos, prazo médio de vida útil da maioria dos aparelhos. No Brasil, já fazem algum sucesso. Eles respondem por mais de 30% do mercado. Bom para o bolso e o meio ambiente? Não, é ótimo diante do crescimento das vendas de ar-condicionado no País e no mundo.

Mais de 1,6 bilhão de condicionadores de ar no mundo

Estimativas do Projeto Kigali apontam 28 milhões de aparelhos de ar-condicionado em funcionamento apenas nos lares brasileiros. No mundo, são mais de 1,6 bilhão de equipamentos, conforme dados de 2016. Número que deve saltar para 5,6 bilhões, em 30 anos. Atualmente, eles consomem em torno de 10% de toda a energia gerada em âmbito global. Emitem 1.450 mega toneladas equivalentes de gás carbônico, ou 4,5% das emissões globais de CO2 do setor de energia. E as vendas batem recordes ano após ano. Em 2016, foram comercializados no Brasil 2,49 milhões de aparelhos do modelo Split System. Número inferior ao vendido entre janeiro e agosto de 2019: 2,58 milhões – 60% a mais que em igual período de 2018. Os dados são da Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros).

Ar-condicionado, uso triplicou consumo de energia

“Estima-se que o consumo de energia elétrica devido aos condicionadores de ar no setor residencial tenha mais que triplicado nos últimos 12 anos, atingindo 18,7 TWh em 2017. A posse de equipamentos nas residências aumentou 9,0% ao ano entre 2005 e 2017, influenciado, principalmente, pelo crescimento das vendas de equipamentos novos entre 2010 e 2015.” Os dados são da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), órgão público vinculado ao MME. Foram publicados em um relatório de dezembro de 2018.

Emenda Kigali do Protocolo de Montreal

Conforme um estudo da Instituto Clima e Sociedade (iCS) e o Lawrence Berkeley National Laboratory (LBNL), em parceria com o IEI Brasil (International Energy Initiative), o padrão mínimo de eficiência energética poderia ser 85% superior no Brasil. Isso em relação aos índices de 2011. “Considerando esse cenário que adota a melhor tecnologia disponível no mercado, de 2021 a 2035 a economia chegaria a R$ 27 bilhões na conta de luz dos consumidores brasileiros, diz Leite. Outros R$ 142 milhões poderiam ser economizados com a construção de usinas de geração de energia.

Energia poupada

A economia se daria por causa da energia poupada pelos condicionadores de ar mais eficientes. O estudo faz parte do Projeto Kigali desenvolvido pelo iCS. O Projeto está relacionado à Emenda Kigali do Protocolo de Montreal, que trata dos gases que impactam a camada de ozônio. Com o Protocolo, foram reduzidos substancialmente o uso de CFCs (clorofluorcarbonetos) no mundo, pois destruíam a camada de ozônio.

Ar-condicionado, gases de refrigeração poluem 2.000 vezes mais

“Nos sistemas de refrigeração, foram trocados pelos HFCs, que não impactam a camada de ozônio, mas contribuem quase 2.000 vezes mais para o efeito estufa do que o CO2”, explica Kamyla Borges Cunha, coordenadora das atividades do Projeto Kigali e de Eficiência Energética do iCS. A Emenda Kigali inclui no Protocolo também os gases HFCs. Ela propõe redução gradual na utilização desses gases. Diminuição que alcançará 80% em 2045, do consumo médio registrado em 2024, diz Cunha. Em torno de uma centena de países já ratificaram a Emenda, que entrou em vigor em janeiro de 2019.

PUBLICIDADE

Projeto Kigali, Brasil ainda não aderiu

A adesão do Brasil, no entanto, ainda depende do Congresso Nacional. “Já foi aprovada por todas as comissões, mas ainda não foi a plenário.” Ao ratificar a convenção, o Brasil passará a ter acesso a fundos que viabilizam essa transição. Segundo a coordenadora do Projeto Kigali, há HFCs menos poluentes no mercado, amplamente usado em vários países. “A ideia é que o Brasil também siga essa alternativa.

No País, o mais comum é o R410A

No País, o mais comum é o R410A, que é cerca de 2.000 vezes mais poluente que o CO2. Mas existem outros, como o R32, que é 700 vezes maior que CO2. E o R290, gás que não tem diferença em emissões, em relação ao CO2. A única questão é que são mais inflamáveis. Não é que pegam fogo, mas tem maior possibilidade.” A questão é que sem o estímulo de normas e protocolos pouco se faria para se avançar em busca de soluções menos poluentes.

Ar-condicionado, escolha o certo e cuide bem dele

Mar Sem Fim finaliza as dicas informando que existem ferramentas em sites, como o do Idec e do Procel,onde o consumidor pode verificar qual gasto terá com ar-condicionado. Basta escolher o modelo e seguir as orientações para saber exatamente quanto vai custar mensalmente na conta de luz o ar mais frio. Leite, do Idec, diz que a partir do início de 2020 a instituição também disponibilizará no site uma ferramenta que mostrará a pegada de carbono de equipamentos que consomem energia. “Será o primeiro do mercado.” O consumidor não deve esquecer de comprar o ar-condicionado de acordo com o tamanho do ambiente a ser refrigerado. Além de fazer a manutenção regularmente. E quando for descartar o aparelho velho, como orienta o Idec, procure o lugar apropriado para reciclagem.

Fontes: http://kigali.org.br/kigali/; http://kigali.org.br/wp-content/uploads/2019/05/Projeto_KingaliEditorial_02.pdf; http://kigali.org.br/wp-content/uploads/2019/04/Kigali_Etiquetagem-Port_01.pdf; https://iei-brasil.org/wp-content/uploads/2019/02/Relatorio_Kigali.pdf; http://www.procelinfo.com.br/main.asp?View={B70B5A3C-19EF-499D-B7BC-D6FF3BABE5FA}; https://eletros.org.br/ar-condicionado-inverter-saiba-o-que-e-e-como-funciona-a-tecnologia/; https://www.frigelar.com.br/convencional-x-inverter; https://idec.org.br/materia/refresco-duras-penas; https://idec.org.br/artigo/artigo-aposta-na-eficiencia-energetica; https://super.abril.com.br/ciencia/seu-aparelho-de-ar-condicionado-esta-deixando-o-planeta-mais-quente/; http://epe.gov.br/sites-pt/publicacoes-dados-abertos/publicacoes/PublicacoesArquivos/publicacao-341/NT%20EPE%20030_2018_18Dez2018.pdf.

Coca-cola e plástico no mar: poluição tem que parar

Sair da versão mobile