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Achado um naufrágio grego em cidade submersa do Egito

Achado um naufrágio grego em cidade submersa do Egito

Não é todo dia que arqueólogos encontram um naufrágio grego  em bom estado — ainda mais pertencente a uma das grandes potências da Antiguidade. Quando isso acontece, a comunidade científica comemora: pode estar diante de pistas valiosas para desvendar segredos do passado.

Foi exatamente o que ocorreu em julho de 2021. A descoberta veio da antiga cidade submersa de Thônis-Heracléion, localizada na costa egípcia e revelada ao mundo apenas em 2001.

O interior do navio. Imagem, Egyptian Ministry of Tourism and Antiquities.

Uma cidade perdida sob o Mediterrâneo

Segundo o site France 24, a descoberta do naufrágio grego ocorreu durante escavações subaquáticas em Thônis-Heracléion — uma antiga metrópole localizada onde o rio Nilo encontra o mar Mediterrâneo.

Redescoberta em 2001, Thônis-Heracléion foi por séculos o principal porto do Egito antes da fundação de Alexandria por Alexandre, o Grande, em 331 a.C. Foi ali, em Alexandria, que mais tarde surgiria o lendário Farol, uma das sete maravilhas do mundo antigo.

Um navio militar grego da era ptolomaica

O site France 24 anunciou com entusiasmo: “Uma missão franco-egípcia encontrou os destroços de um navio militar da era ptolomaica, além dos restos de um complexo funerário grego datado do século IV a.C.”, informou o Ministério das Antiguidades do Egito.

A embarcação, com 25 metros de comprimento, fundo plano, grandes remos, mastros e velas, era típica para navegação nos canais rasos do Delta do Nilo, segundo os estudos preliminares.

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O site do Smithsonian destacou outro aspecto notável: a construção do navio revela uma fusão rara de técnicas egípcias e gregas. Seus construtores usaram encaixes de madeira típicos de ambas as culturas e empregaram materiais reaproveitados — indício de que o navio foi construído localmente, no Egito. Aliás, os primeiros construtores navais a usarem a técnica de encaixes de tábuas foram os fenícios, um dos primeiros povos a dominarem o Mediterrâneo.

Enterrado sob os escombros do templo

Segundo os arqueólogos, o navio estava atracado ao lado do Templo de Amon quando a estrutura colapsou. Os blocos pesados do edifício afundaram a embarcação, soterrando-a sob pedras milenares.

“Achados de navios velozes desse período são extremamente raros”, afirmou Franck Goddio, do Instituto Europeu de Arqueologia Subaquática (IEASM), responsável pela missão. A condição preservada do naufrágio grego torna a descoberta ainda mais excepcional.

O site do Smithsonian Magazine ainda publicou a foto acima informando que além do navio foi encontrado um cemitério grego do séc. IV a C.

Sinais da presença grega sob o mar

Além do naufrágio grego, os arqueólogos subaquáticos encontraram um cemitério que confirma a presença de mercadores helênicos na região durante o período final do antigo Egito.

Segundo o Smithsonian, escavações anteriores já haviam revelado artefatos rituais, cerâmicas e moedas de bronze datadas do reinado de Ptolomeu II (285 a 246 a.C.), como relatou Benjamin Leonard para a revista Archaeology em 2019.

O Ministério das Antiguidades explicou que, na época, os gregos dominavam a área e construíram templos funerários ao redor do Templo de Amon. Restos dessas estruturas foram localizados debaixo d’água — e, surpreendentemente, em excelente estado de conservação.

As novas descobertas, segundo o ministério, atestam “a riqueza dos templos da antiga cidade, agora submersos sob as águas do Mediterrâneo”.

Vídeo em que Franck Goddio conta sobre os mergulhos na cidade submersa de Thonis-Heracleion

Imagem de abertura: Egyptian Ministry of Tourism and Antiquities.

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