A origem do plástico nos oceanos, saiba como acontece
A origem do plástico nos oceanos: matéria do reporter do mar, Reinaldo Del Dotore
Documentário “Lixo, um problema global”, mostra a origem do plástico nos oceanos
Um dos trechos mais eloquentes do documentário “Lixo, um problema global” diz respeito ao acúmulo de resíduos plásticos nos oceanos – problema a respeito do qual nossa intuição não passa nem perto da realidade.
Para cada unidade de volume de água, há seis vezes mais plástico que matéria orgânica
O tema começa, no filme, a partir do relato da experiência vivida pelo pesquisador estadunidense Charles Moore. Ao retornar aos EUA de uma navegação de longo curso, Moore se deparou, em uma extensa área na região Norte do Oceano Pacífico (bem longe de qualquer continente), com centenas de quilômetros nos quais havia muito lixo boiando, especialmente plásticos.
Alarmado com aquela experiência, decidiu retornar à região e, dois anos depois, passou a pesquisar. Fez centenas de coletas de material. Especialmente amostras da água do mar. E constatou que mesmo naquela remota região havia, para cada unidade de volume de água, em peso, seis vezes mais plásticos do que matéria orgânica viva (plâncton e pequenos animais marinhos).
O papel das correntes marinhas
Moore explicou que em função da direção das principais correntes marinhas, aquela zona, no Pacífico Norte é uma região de convergência, ou seja, materiais poluentes acabam sendo direcionados para lá.
Segundo estudos, uma garrafa PET, por exemplo, jogada ao mar no litoral de países do Hemisfério Norte banhados pelo Pacífico, demora cerca de seis anos para atingir o centro daquela zona.
Em função desse tempo, já chega dividida em dezenas ou centenas de pequenos pedaços. O que agrava o problema. O pesquisador afirmou que os principais responsáveis pelo crescimento da “mancha plástica” seriam os EUA e o Japão.
À deriva
Outro pesquisador – Erik Van Sebille, do Australian Research Council Centre of Excellence for Climate System Science – criou uma página na internet chamada “Adrift” (“deriva”, numa tradução livre).
Ela apresenta de forma gráfica a posição final no oceano, após dez anos, de um resíduo plástico lançado ao mar em qualquer praia do mundo. Na página, basta clicar em algum ponto do litoral, em qualquer país, que ficará marcado como ponto inicial por meio de uma simpática figura de um patinho de plástico.
Então, após alguns segundos de cálculos, a página apresenta o deslocamento provável daquele resíduo. Mês a mês, até o décimo ano posterior ao lançamento.
Lançando um patinho no litoral dos USA
Fiz o teste, na página, para verificar o que disse Charles Moore. “Lancei” um patinho no litoral Oeste dos EUA. Aguardei o cálculo até o décimo ano. E fiz uma captura de tela da posição final. Repeti o processo, agora com um patinho “lançado” no litoral Leste do Japão.
O resultado, que pode ser visto nesta imagem, corrobora as palavras de Moore. Os principais responsáveis pela grande mancha de resíduos plásticos no Pacífico Norte são mesmo EUA e Japão.
Culpa do Japão e Estados Unidos?
A reflexão que faço a partir dessas informações e resultados é: se EUA e Japão, dois dos países, em tese, mais desenvolvidos economicamente e culturalmente (especialmente o Japão) provocam danos ambientais dessa magnitude, o que dizer de outros países ao redor do mundo, de populações enormes e desenvolvimento cultural pífio, como Brasil, China, India, Indonésia e outros?
Texto extraído da página pessoal do repórter do mar, Reinaldo Del Dotore, sobre Sustentabilidade no Facebook; “Blog da Sustentabilidade”.
Fontes: https://www.climatescience.org.au/about; http://www.imperial.ac.uk/people/e.van-sebille; http://adrift.org.au/;
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