Mata Atlântica: U$200 mi é o valor para restaura-la em propriedades agrícolas
Quase 8 milhões de hectares podem ter a biodiversidade conservada com o pagamento de US$ 200 milhões anuais a produtores agrícolas. Com isso, 30% da cobertura florestal de Mata Atlântica seria recuperada. Isso garantiria a biodiversidade e os serviços ambientais em níveis semelhantes aos encontrados em áreas de proteção.
Universidade de São Paulo (USP) em parceria com o Imperial College
O estudo foi realizado por cientistas da Universidade de São Paulo (USP) em parceria com o Imperial College (Reino Unido). Como um comparativo, os dados originais da Mata Atlântica no Brasil revelam uma área de quase 150 milhões de hectares. Hoje ela está reduzida pelo desmatamento para 16 milhões de hectares.
Dez anos de pesquisas
O relatório divulgado, resultado de quase 10 anos de pesquisas, mostrou que quando a cobertura florestal fica abaixo dos 30%, há uma redução abrupta da diversidade biológica. O mesmo acontece com os serviços ecossistêmicos, como produção de água, polinização, regulação do clima e controle de pragas.
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Com US$ 198 milhões, Brasil poderia pagar proprietários
Segundo os cientistas, com US$ 198 milhões o Brasil poderia pagar os proprietários para restaurarem cerca de 400 mil hectares de florestas em suas terras. Em conjunto com as áreas de florestas ainda intactas, essas extensões restauradas garantiriam a cobertura florestal acima dos 30% em uma área rural de 7,8 milhões de hectares.
Os US$ 198 milhões de dólares incluem o valor do pagamento aos proprietários. E também o investimento na restauração ativa da floresta. Depois de três anos, a mata atlântica passa a se regenerar sozinha e a restauração ativa não é mais necessária.
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Os cientistas afirmam que conhecer o limiar de cobertura florestal de 30% para preservar a biodiversidade e serviços ecossistêmicos foi fundamental para conciliar a conservação da biodiversidade e o benefício aos produtores, estimulando-os a contribuir com a restauração florestal.
Durante os dez anos, o estudo registrou informações sobre 25 mil indivíduos de 140 espécies de aves, 43 de mamíferos e 29 de anfíbios. Com esse trabalho os cientistas puderam identificar 37 mil paisagens com diferentes graus de cobertura florestal. A partir daí, foi possível estabelecer o limiar de biodiversidade em 30%.
Mais de 130 milhões de pessoas vivem no bioma
Segundo os pesquisadores, mais de 130 milhões de pessoas vivem no bioma. A Mata Atlântica é considerada um dos mais importantes e ameaçadas no mundo.
Embora seja menor e mais degradada que a floresta Amazônica, a Mata Atlântica abriga uma vasta diversidade biológica e mais da metade das espécies de animais ameaçados do Brasil. Atualmente, fora das áreas protegidas, cerca de 90% do bioma tem menos do que 30% de cobertura florestal remanescente.
Fonte: Estadão.