❯❯ Acessar versão original

Unidades de Conservação marinhas: necessidade urgente

Unidades de Conservação marinhas: necessidade e prioridade urgentes

Unidades de Conservação marinhas: por que a zona costeira é tão importante? Porque 90% de toda a cadeia de vida marinha começa na faixa de transição entre os mares e continentes. Assolada por forças descomunais e constantes como ventos, marés, ressacas, ondas e correntes, ela é extremamente frágil e mutante. Esta é a principal razão para se ocupá-la de forma auto-sustentável.

Destruição da zona costeira nos últimos 50 anos

Se continuarmos a destruir este patrimônio como temos feito  nos últimos 50 anos, daremos aval para que os mares se tornem um deserto de vida inanimada ao mesmo tempo em que detonamos uma paisagem espetacular.

60% da população mundial vive na zona costeira a pressão é gigantesca

O problema é mundial e grave. Somos 7.4 bilhões de pessoas que dividem e utilizam os recursos naturais. E cerca de 60% delas vivem nas áreas costeiras segundo o Panorama da Conservação dos Ecossistemas Costeiros e Marinhos do Brasil. De acordo com o WWF, no Brasil, a densidade demográfica é de 19 habitantes por quilômetro quadrado. Na faixa costeira são 87 habitantes por quilômetro quadrado.

Unidades de Conservação marinhas e construções em ecossistemas

Justamente ali, onde começa a cadeia de vida marinha, milhares de pessoas constroem, moram, consumem e produzem  lixo. Onde eles erguem suas casas, condomínios, marinas, prédios ou hotéis? Em manguezais que são aterrados (no Nordeste, imensas áreas de mangue são extirpadas para a carcinicultura, a criação de camarões em cativeiro), em lagoas, lagunas ou alagados previamente drenados. Em restingas, em área de dunas, e até mesmo em costões.

Unidades de Conservação marinhas. Onde se vê tanques de criação havia manguezal.

Volume de rejeitos produzidos

O volume de rejeitos produzidos por é ainda pior. De acordo com a ONG TrataBrasil:

Mais de 100 milhões de brasileiros não têm acesso à coleta de esgoto. Só 50,3%  da população tem acesso à coleta de esgoto e mesmo assim, apenas  42,6% do esgoto coletado recebe tratamento.

PUBLICIDADE

63% dos municípios depositam seus rejeitos em lixões a céu aberto

As estatísticas do IBGE revelam outro drama: 63% dos municípios depositam seus rejeitos sólidos em lixões a céu aberto.

Pesca, problemas a bordo: com as novas tecnologias os peixes não têm tempo de se reproduzirem

No passado os pescadores saíam para o mar na lua certa e na maré desejada. Com pequenas redes, ou simples linhas, tiravam do mar determinada quantidade de peixes.

Em 1950 a produção mundial atingiu 19 milhões de toneladas. No ano de 2000 o número saltou para 130 milhões de toneladas segundo dados da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO).

Por este cálculo, a produção mundial teria que crescer os mesmos 6,8% neste pequeno espaço de tempo.  Ela cresceu, ou decaiu?

Redes do tamanho de seis aviões Jumbo

As redes, antes pequenas e puxadas a músculos humanos, hoje atingem o tamanho de seis aviões Jumbo. São jogadas por imensos navios.

A lua foi deixada aos poetas. Para achar os cardumes as frotas pesqueiras usam sofisticados sonares e radares. Até aviões são usados para descobrir os cardumes a flor da água.

O problema das redes de arrasto: 20 milhões de toneladas de peixes descartados todos os anos

Mesmo as menores redes de arrasto causam problemas. Arrasam o assoalho marinho e não são seletivas. Para cada quilo de camarão, por exemplo,  trazem cerca de 7 ou 8 quilos do que os pesquisadores chamam de “fauna acompanhante”.  Elas são separadas e devolvidas ao mar. Mortas. A FAO estima em 20 milhões de toneladas o total de peixes descartados ao ano.

Frota de barcos pesqueiros de arrasto na praia do Peba, Alagoas.

Pesca industrial: utopia do inesgotável

A conclusão só pode ser  a mesma do oceanógrafo Frederico Brandini: “enquanto a pesca artesanal e recreativa sobrevive do pouco que ainda resta nas áreas costeiras, a pesca comercial é praticada sem manejo por empresas e indivíduos que ainda acreditam na utopia do inesgotável.”

Unidades de Conservação marinhas. No Brasil 40% das grandes empresas ficam no litoral

A morte dos rios

Não há rio que deságue no mar sem deixar um rastro de poluição em sua foz e adjacências. O mais emblemático é o Mississipi. Nos Estados Unidos a coleta e o tratamento de esgotos é um  benefício universal. Ainda assim os restos dos agrotóxicos e fertilizantes usados no vale do Mississipi escorrem para seu leito após as chuvas. Dali seguem para o mar do Golfo do México onde, “por coincidência”, existe uma das grandes “zonas mortas” do mar.

PUBLICIDADE

São espaços onde não há produção de oxigênio para que haja vida em razão da poluição. A ONU estima em 600 as zonas mortas espalhadas pelos oceanos. Elas podem ter de 2 até 70 mil quilômetros quadrados de extensão.

Unidades de Conservação marinhas. “Rio Salgadinho” (???), Maceió, Alagoas. Ele também “deságua”no mar.

Água de lastro  e contaminação

Hoje, 95% das trocas de mercadorias são feitas por navios. Navios que trazem em seus tanques de água de lastro 12 bilhões de toneladas do líquido todos os anos, de acordo com a Organização Marítima Mundial (IMO). Juntos, chegam entre 4 a 5 mil animais e vegetais, igualmente transportados de um lado para o outro do planeta contribuindo para que a cada nove semanas uma espécie marinha ‘exótica’ invada algum novo ambiente.

Navio deslastreando no porto do Recife.

Carrapatos em pinguins da Antártica

Saiba que já foram encontrados carrapatos em pinguins na Antártica. E que exames de sangue realizados em elefantes-marinhos e focas detectaram a presença de compostos sintéticos produzidos pelo homem, infectando o organismo destes animais. Ou seja, a poluição que produzimos aqui chega aos mamíferos marinhos da Antártica, o continente desabitado, dedicado à ciência.

Leão- marinho: já foram encontrados provas de contaminação no sangue destes animais

Unidades de conservação marinhas: metas mundiais: 10%

Há consenso no mundo que todas as nações devem se esforçar para proteger até 10% de seus litorais e mares até o ano de 2020. São as “metas de Aichi”, discutidas e aprovadas durante a Conferência das Partes das Nações Unidas (COP 10), da Convenção sobre Biodiversidade Biológica (CDB), realizada em Nagóia, no Japão. O Brasil, ap[esar de signatário do acordo, não se mexe.

Até quando?

Naufrágio do cargueiro Luno. Novas fotos e vídeo

Sair da versão mobile