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Travessia do Drake encerrada na viagem do Mar Sem Fim

Travessia do Drake encerrada na viagem do Mar Sem Fim

Esta manhã mudamos de rumo. Seguíamos para Melchior, na Península Antártica, mas enfrentávamos um sudoeste que nos pegava de través. O Mar Sem Fim avançava, mas balançava tornando a navegada um tanto desagradável. Estávamos a 70 milhas de nosso destino, ou cerca de dez a doze horas de navegação. A Travessia do Drake estava quase encerrada.

Olhando a carta náutica reparei que a ilha Deception ficava na mesma distância, só que para o lado onde soprava o vento. Ou seja, se mudássemos o rumo iríamos navegar com mar e vento a favor. Não deu outra. Desde então surfamos empopados, a mais de sete nós, deslizando sobre ondas de quase 3 metros. Uma delícia de navegação.

Ilha Smith

Por volta das 13 horas passamos ao lado da ilha Smith, cujo contorno é excepcional. O mar estava de um azul profundo em contraste com as cristas brancas das ondas que quebravam. Enquanto isto, ao nosso lado um imenso paredão de gelo, da ilha Smith, desolada, estéril, com seus picos altíssimos cobertos de gelo. Um cenário de filme de Spielberg.

Neste momento, 20 horas, estamos a uma milha dos Foles de Netuno, uma pequena abertura na cratera de um vulcão que dá acesso ao interior de Deception. A ilha é um vulcão que emerge em pleno estreito de Bransfield, porção de mar que separa as ilhas Shetland do Sul, da Península Antártica. No passado este foi um importante porto baleeiro.

A entrada da cratera: os Foles de Netuno.

A ilha foi descoberta em 1819 por navios foqueiros

Mais tarde, no início do século XX, noruegueses e chilenos trouxeram a primeira fábrica para beneficiar a carne das baleias, já que a esta altura as focas estavam quase extintas tamanha a matança.

Navio de passageiros chega para uma visita.

Pouco tempo depois, em 1913-14, já havia 14 fábricas em Deception. Hoje ainda é possível ver as ruínas desse período, assim como diversos botes baleeiros, encalhados, apodrecendo nas praias da ilha.

Baleeiro.

Atualmente Deception abriga bases científicas da Espanha e Argentina. E é um dos “hits” turísticos da Antártica. Não há navio de passageiros, ou barcos privados, que não parem por aqui.

Não vejo a hora de fundearmos, e encerrarmos a primeira etapa desta viagem. Esta noite quero dormir com aquecedores ligados, com todo o conforto que nosso barco pode oferecer. Amanhã temos muito o que explorar nos arredores.

Conheça a tripulação do Mar Sem Fim

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