Rússia prende biólogo por denunciar pesca de krill na Antártica
O Oceano Austral, o quinto do planeta, tem importância vital para o equilíbrio da Terra. Sua Corrente Circumpolar Antártica (ACC) influencia o clima global. Apesar das condições extremas, abriga um dos ecossistemas marinhos mais produtivos do mundo. Correntes profundas trazem nutrientes que alimentam uma cadeia de vida única, adaptada ao frio intenso e repleta de espécies exclusivas. Toda essa riqueza depende de um pequeno crustáceo parecido com o camarão: o krill. Sem ele, a Antártica se tornaria um deserto gelado e sem vida. O problema é que a pesca de krill saiu do controle — e o governo russo prendeu o cientista que mais denunciava esse abuso.

A estupidez dos regimes totalitários
Uma disputa diplomática explode após a prisão “ilegal” de um cientista ucraniano. O Kremlin o acusa de atrapalhar a pesca de krill da Rússia na Antártica.
Leonid Pshenichnov, 70 anos, é biólogo e especialista em Antártica. Dedicou décadas à pesquisa científica e à conservação marinha, apoiando a criação de áreas protegidas na região.
A revelação é do jornal inglês The Guardian que explicou: Ele se preparava para viajar à Austrália para uma conferência sobre a proteção da vida marinha da Antártica. Antes de embarcar, o prenderam na Crimeia, território ocupado pela Rússia. Desde então, enfrenta a acusação de alta traição.
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O krill não é vital apenas para a vida na Antártica. Esse pequeno camarãozinho ajuda a retirar até 12 bilhões de toneladas de carbono da atmosfera, como já mostramos, tornando-o indispensável para ajudar a estabilizar o clima. Estima-se que sua biomassa varie entre 300 e 500 milhões de toneladas, o que faz dele a maior espécie animal multicelular selvagem do planeta.
Mas, apesar da quantidade, os arrastões os estão dizimando para transformá-los em ração para a aquicultura e iscas para a pesca! Isso demonstra que não basta reunir o mundo em cúpulas sobre o clima. Seriam bem-vindas cúpulas para debater a estupidez humana, ainda mais perigosa que o aquecimento do planeta.
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“Cidadão da Federação Russa” que “desertou para o lado inimigo”
O Guardian teve acesso a um documento que foi fornecido pelas autoridades russas aos advogados de Pshenichnov, descrevendo as alegações. O documento descreve o cientista como um “cidadão da Federação Russa” que “desertou para o lado inimigo” ao ajudar a delegação da Ucrânia na conferência sobre a Antártida, organizada pela Comissão para a Conservação da Fauna e da Flora Marinhas da Antártida em Hobart, Tasmânia.
‘O Kremlin acusa Pshenichnov de usar sua pesquisa para prejudicar a pesca de krill pela Rússia na Antártida, incentivando, por meio de uma proposta ucraniana, a restrição da captura de krill. Tais propostas prejudicariam os interesses econômicos da Rússia, afirma o documento de prisão’.
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