A responsabilidade que falta aos profissionais liberais

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Profissionais liberais no Brasil:  falta mais engajamento

Democracia pressupõe  participação, engajamento. Predicados que estão em falta  para alguns dos profissionais liberais do país. Cooperação, trabalho, presença nas discussões prementes. Exceção à corrupção, e eleição que se aproxima, sinto rara a adesão da maioria destes formadores de opinião ao debate, ao trabalho de se informarem, entenderem e disseminarem. Caramba! Faz parte do sistema político. Preocupa-nos a corrupção, evidente, mas basta? Acredito que não, especialmente por que ‘essas categorias são as que mais crescem no país’.

imagem de profissionais liberais
Ilustração: jornalcontabil.com.br

Profissionais liberais, quem são eles?

“O profissional liberal é aquele que, obrigatoriamente, tem nível universitário ou técnico para exercer a profissão”, assim responde o contsimples.com.br. E quem, nestes ‘pobres trópicos’, ostenta um título destes, carrega junto as obrigações a ele inerentes. Onde está a força dessa gente na questão que domina o cenário ambiental atual, os oceanos?

O papel da imprensa

Assolada por concorrência tecnológica, a imprensa brasuca corre contra o tempo para descobrir modelo que lhe permita sobrevivência. Mas só isso não justifica. Quem lê sabe. Seja qual for a fonte de informação escrita, jornais, revistas e até sites, diga quando foi a última vez que viu matéria sobre o assunto em português. Engraçado. Quando passeio pelo twitter vejo pencas de notícias sobre os oceanos. Todas em língua estrangeira. Jornalistas não veem a plataforma? Óbvio que sim. Então, onde anda seu faro  bem-vindo? O twitter é diferente das redes sociais, como o Face. Ali, ao lado de anônimos, depõem cientistas. Publicações como a Science, pesquisadores do porte de Sylvia Earle e Enric Sala, sites de prestígio, como o da Economist. Todos, sem exceção, alertam para os perigos que rondam  nossa geração, ao inundarmos os mares com plástico que até a cadeia alimentar atingiu (a nossa). Sem falar em aquecimento e acidificação. Falamos, pois, de saúde, e sobrevivência. Quem não se preocupa com isso neste mundo hedonista?

Imprensa brasileira falha ao priorizar

O mesmo fenômeno, concorrência brutal e escassez de recursos (propaganda), é fato global, não exclusivo ao hemisfério sul. Ainda assim a imprensa estrangeira acha espaço para privilegiar a discussão. A nacional, não. Começam aí os problemas. A combatida imprensa, falha fragorosamente ao não investir nos oceanos. Não é modismo, nem opção de ‘hippies’ alienados do paz e amor. Foi-se o tempo. A prova é a Amazônia. De tão falada e discutida, alertou o mundo, incluso brasileiros. Uma árvore que cai na região, ou o início de ação pra por ordem no garimpo ilegal, desencadeiam tempestades de protestos. A linda Gisele deixa o norte, onde vive, e vem ao sul, chorar no Rock in Rio. E gastam-se páginas e mais páginas pra repercutir o ‘holocausto’. Por que o mar continua carente? Ao meu ver, isso não justifica a …

Ausência dos profissionais liberais na discussão

Sempre foram as elites que desencadeiam fatos; imprensa acompanha, repercute e discute. Mas, não neste caso. Maldito circulo vicioso! Onde andam os defensores do ‘verde’ que, sem o ‘azul’, não existiria? É hora de agir! Médicos, em seus consultórios (logo eles, preocupados com saúde), jornalistas, donos de bares e restaurantes, sempre tão antenados; professores e empresários da educação (!!), entidades de classe, Conselhos Profissionais (OAB, CRC, CRM, CREA). Onde estão no Brasil?

Exemplos de fora

‘Colonizados’, é jargão. Sabe-se, faz tempo. Tudo que rola lá fora,  chega aqui com o atraso  que justifica a expressão. Mas não nesse caso. Os oceanos continuam abandonados. Na progressista Califórnia, discute- se hoje a proibição de canudinhos de plástico em bares e restaurantes; o atum foi banido em restaurantes e supermercados de Mônaco, São Francisco proíbe garrafas de plástico pequenas, enquanto o prefeito de Nova York, Bill de Blasio e o governador, Andrew M. Cuomo, criticaram as sacolas plásticas. (Cuomo apresentou projeto de lei para proibir o uso de sacolas plásticas de uso único); a Comissão Européia estuda proibir todos ‘os plásticos de um só uso’ (cotonetes, pratos xícaras e talheres, etc), países enxotam o grande vilão, e a ONU entra na briga. Enquanto isso nós no Brasil, petiscamos camarões criados em fazendas (que norte-americanos ameaçaram parar de comprar), em bares e restaurantes; e mexendo a caipirinha, símbolo que ganhou o mundo, com plástico! Até quando?

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É hora de praticar cidadania, ser chato.

imagem de caipirismo de limão com canudinho de plástico

Abiplast

É a associação da indústria do plástico no Brasil. Recentemente fui convidado a conversar com o presidente, José Ricardo Roriz Coelho, fiquei feliz. Feliz, não, empolgado. Eu acabava de publicar grande texto sobre a dificuldade da reciclagem, assunto dominante na mídia…estrangeira. Fiquei triste, depois. Ao começar a conversa, citei os três atores e suas obrigações: poder público, com as políticas públicas; o consumidor, pelo uso; e produtores. Passei a palavra. Depois de ouvi-lo, sugeri mais engajamento dos produtores e, ao falar sobre a dificuldade na reciclagem, perguntei por que a associação não investia  em campanhas alertando a necessidade de cidadãos participarem do processo (de reciclagem).  ‘Não temos recursos suficientes’, ouvi. Ora, é claro que têm. Trata-se de poderosa e rica parte de nossa indústria. Sem jeito, de bate-pronto, lembrei  de quem sabe o que se passa na imprensa. “Abram o olho companheiros, ou sua indústria será atropelada como foi a de minha família (imprensa), sei o que estou falando”.

Fui embora pensando…

Façam sua parte, profissionais liberais!

A ausência do quarto poder não justifica a sua. Vocês têm curso profissional e treinamento. Nada justifica sua omissão. São profissionais da saúde ou educação. Ao banirem de seus consultórios ou escolas os famigerados copos e xícaras de café, ao proibirem o uso destes descartes em empresas, estarão contribuindo para o debate, puxando a orelha da imprensa, e empurrando o tema para manchetes. O brasileiro quer mudanças, por isso apoia os caminhoneiros. Desde que não tenha que fazer sua parte…

O Mar Sem Fim pede sua ajuda, profissional liberal

Não dá pra levar a bandeira nas costas quase sozinho (exceção a amigos ambientalistas e empresários), ou esperar o Messias. Fomos os primeiros da ‘imprensa’ a fazê-lo, e já faz mais de década! Começamos bem. Durante os dois anos em que esteve no ar, a série mar sem fim (2005 – 2007) foi  campeã de audiência da TV Cultura. Três pontos de média, com picos de quatro. seis. Cerca de 70 horas, em 90 capítulos, mostram em detalhes a destruição da paisagem, os malefícios do arrasto, o absurdo da carcinicultura, poluição que mata nosso cartão postal, e que deveria nos envergonhar.

Um ano depois, ao lançarmos O Brasil Visto do Mar Sem Fim, transposição da TV pro papel, dois gordos volumes ilustrados, e diagramados com primor; recebemos indicação para o prêmio Jabuti, categoria reportagem. São provas da carência do público. E ao longo disso, dá-lhe site, artigos pra jornais e revistas, palestras, armações com ambientalistas. Está na hora de chamar Alex Atala, Rita Lobo, e outros expoentes, pra que assumam,  e disseminem a moda entre seus pares; que João Carlos Di Gênio, com sua bela “Escola do Mar”, se envolva e aos seus milhares de alunos.

E da imprensa também…

Que João Caminoto, Estadão; e Sérgio D’Ávila, Folha, abram espaço e priorizem. A discussão saudável é bem-vinda. É ela que convence, muda, faz progredir. Não é possível que o gigante adormecido continue divagando em berço esplêndido. Já se provou possível engajar toda a sociedade. Amazônia, e clamor internacional que provoca, é a prova. Por que não repetir com a ‘Amazônia Azul’, maior, mais importante (sem azul não existiria o verde…), e mais depredada?

Mirem-se no exemplo, das crianças

Semana passada recebi meia dúzia de crianças, do que deve ser uma bela escola. Eu não a conhecia, quando recebi e-mail de João Vitor, 12 anos, pedindo hora pra conversar. Ele e amigos faziam um trabalho escolar. Tinham que entender mais, procurar informações sobre o implacável castigo que impomos ao espaço marítimo. Recebi-os na semana seguinte. Vieram em casa, e só vendo pra acreditar o nível das perguntas: ‘quem é pior, plástico ou poluição química?”; “o que você pode nos dizer da pesca e da vida marinha?”; ‘como podemos ajudar?’, foram algumas.

Ao trabalho, marmanjos?

Fontes: https://contsimples.com.br/profissionais-liberais-tudo-que-voce-precisa-saber.

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