Praia da Barra da Tijuca, uma estupidez a menos
Ainda em fevereiro de 2023 publicamos o post Concreto em praia da Tijuca merece o Oscar da Burrice. Nele comentamos a intervenção calhorda decretada por Eduardo Paes (PSD), prefeito do Rio, Jessick Isabelle Trairi, secretária de Infraestrutura, e respectivos auxiliares, na praia da Barra da Tijuca. Eles decidiram instalar faixas de concreto armado sob as areais para ‘reduzir os danos provocados pelas ressacas na orla!’ Em outras palavras, uma mistura de arrogância, burrice, e generosas doses de safadeza. No mesmo post falamos sobre a ação nefasta dos gestores políticos de municípios do litoral. A grande maioria não está preparada para a difícil tarefa. Assim, muitas vezes contribuem para piorar uma situação já crítica no litoral do País: a erosão.
O que são praias, afinal, e qual sua importância?
Atualmente é tão fácil aprender que não nos conformamos com a arrogância de despreparados pagos com o dinheiro suado de nossos impostos. Ao mesmo tempo, já explicamos que somos espectadores engajados da saga do litoral brasileiro. Isto explica a qualificação escolhida com “Ostinato Rigore, ou seja, obstinado rigor, em nossos textos.
Uma criança em idade escolar pode descobrir como responder à pergunta deste subtítulo apenas pesquisando rapidamente na internet. Basta, para tanto, colocar a pergunta certa para que o Oráculo Google responda em segundos.
Em seguida, é só ter bom senso para escolher as fontes mais confiáveis. Era tudo que Eduardo Paes (PSD), prefeito da ex-capital da República, tinha que fazer. Mais importante ainda, se considerarmos que as praias são talvez o maior atrativo da cidade que ele deveria gerir. Em outras palavras, algumas das mais lindas e famosas praias do País e do mundo.
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Mais adiante, informa a mesma fonte, ‘as praias arenosas sustentam uma comunidade típica, composta por invertebrados (equinodermos, moluscos, crustáceos e outros artrópodes) e vertebrados (aves marinhas, tartarugas marinhas durante a desova ou arribada e peixes litorâneos). Também, por sua produtividade, hoje já não é mais considerada como um depósito de areia estéril.’
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‘Intrincada conexão entre o ecossistema marinho e o terrestre’
Finalmente, encerra: ‘Apesar de parecerem desertas de vida, as praias arenosas na verdade são uma intrincada conexão entre o ecossistema marinho e o terrestre. Assim, merecem ser estudadas e conservadas. Como medidas de conservação destes ambientes, é importante: evitar construções próximas, despejo de esgoto, iluminação noturna e também o tráfego de veículos.’
Prefeito Eduardo Paes (PSD), arrogância, burrice e safadeza
Só este site tem dezenas de matérias mostrando os perigos da erosão costeira que, apesar de ser natural na zona costeira, já alcança perigosos 60% do litoral. Este crescimento recente tem alguns motivos, entre eles a alteração humana no local, e o aquecimento global e suas consequências como o aumento da frequência e violência dos eventos extremos, e a subida do nível do mar.
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Outro, a ‘burrice atribuída ao prefeito e auxiliares’, foi eleito pela recusa em buscar a informação. Ninguém é obrigado a saber que praias vivem o equilíbrio dinâmico e por isso não devem ser alteradas. Mas um gestor tem a obrigação de se informar ao propor a brutal alteração de que foi vítima a praia da Barra da Tijuca.
Finalmente, ‘safadeza’ porque a obra custaria nada menos que R$ 10,6 milhões de reais, e foi iniciada sem licitação. Quanto deste valor ficaria na conta de Eduardo Paes (PSD), não se sabe. Mas, apostamos que no mínimo ele receberia um belo aporte da construtora Dratec Engenharia LTDA nas próximas eleições.
Postas estas considerações, vamos rapidamente à ‘estupidez a menos’.
A obra de Eduardo Paes (PSD) e suas cavalgaduras
Como foi dito, trata-se de uma violência inominável contra um ambiente tão sensível. Instalar faixas de concreto armado sob as areais para ‘reduzir os danos provocados pelas ressacas na orla!’ Uma brutalidade que se vê pela dimensão da obra nas imagens.
Ao verem as máquinas pesadas remexendo as areias, 26 especialistas da UFRJ, Uerj, UFF e PUC-Rio organizaram um abaixo-assinado apontando o risco de que a movimentação possa, na verdade, ampliar danos futuros.
Um destes especialistas foi além. Marcelo Sperle Dias, professor de oceanografia da UERJ, desabafou para O Dia: “Tenho um grupo de pesquisa que trabalha nessas praias desde 1998, ninguém foi consultado. A Praia da Barra tem quantidade de areia absurda, uma das maiores do Brasil. Não existe problema de erosão costeira. O que existe são quiosques e calçadão que invadiram a areia. É óbvio que quando vier a ressaca, as ondas podem se chocar contra essas estruturas.
Note o ‘ninguém foi consultado’. Graças a estes profissionais, o Ministério Público Federal mandou parar a toupeirice em 1º de fevereiro.
Sobre a safadeza de Eduardo Paes (PSD), saiba que a obra começou em caráter emergencial sem concorrência pública, apesar de, segundo o Ministério Público Federal, não haver justificativa para emergência uma vez que os casos de danos por ressacas do mar não representam risco à vida e são notoriamente conhecidos.
“Prefeitura do Rio desiste de obra que colocava concreto sob areia de praia”
O subtítulo acima está entre aspas porque foi o título da matéria da Folha de S. Paulo, em 21 de março, de autoria de Ítalo Nogueira. Lead: ‘Gestão Eduardo Paes determina que empresa retire material já instalado na Barra da Tijuca e recoloque a areia removida.’
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Texto de abertura: ‘A Prefeitura do Rio de Janeiro decidiu acatar a recomendação do MPF (Ministério Público Federal) e desistiu de concluir a instalação de material de concreto no fundo da areia da praia da Barra da Tijuca, na zona oeste.’
‘O município também determinou que a empresa responsável pela intervenção retire o material já instalado e coloque de volta o volume de areia escavado.’
E, finalmente, ‘A decisão foi comunicada ao MPF no último dia 13, após a gestão Eduardo Paes (PSD) ser informada pela Procuradoria sobre a existência de indícios de crime ambiental na obra. Entre as irregularidades apontadas está a emissão de uma licença ambiental um mês após o início das intervenções. De acordo com o MPF, a autorização dada pela prefeitura era, também, insuficiente.’
Não percamos mais tempo com jumentos
Em outras palavras, uma estupidez a menos. Além disso, não percamos mais tempo com jumentos que não têm capacidade de sequer serem xerifes de quarteirão, quanto mais prefeito de uma das mais importantes cidades do País. Mas, antes de mais nada, um recado ao alcaide: deixe as praias em paz, Eduardo Paes (PSD)!
Quanto aos comentários, desde já estamos certos que não faltarão quem nos acuse. No primeiro post sobre a safadeza do prefeito, muitos cariocas sugeriram que criticamos por ‘bairrice’, ou ‘dor de cotovelo’ da Cidade Maravilhosa.
Contudo, ao nosso ver, devemos estes comentários aos malefícios da internet. Mesmo sendo lesados por sem-vergonhas pagos com o suor de seu trabalho, há quem consiga defender estes quadrúpedes delinquentes.
A internet nos trouxe aspectos maravilhosos como facilitar o conhecimento, entretanto, ao mesmo tempo como brilhantemente sintetizou Umberco Eco, deu voz a uma legião, e que legião!, de imbecis. Fazer o que?