Naufrágio de 3.300 anos descoberto na costa da Turquia
Em 1982 Mehmed Çakir, um turco mergulhador de esponjas, encontrou por acaso um naufrágio de 3.300 anos em Uluburun (Grande Cabo), perto de Kaş, no sudoeste da Turquia. Mehmed não sabia, mas o encontro fortuito revolucionou o que os arqueólogos sabiam sobre a Idade do Bronze e como as mercadorias e as pessoas devem ter viajado pelo Mediterrâneo. Ele entrou para a história da arqueologia com o nome do local em que Mehmed Çakir o encontrou, Uluburun. Até hoje as revelações justificam novas matérias na mídia especializada. Foi desse modo que tomamos conhecimento, ao lermos o www.ancient.origins.net.
Um dos naufrágios mais antigos e ricos já descobertos
Ao pesquisarmos, demos com dezenas de matérias. Desse modo, pudemos reconstituir a saga que veio a seguir. O navio estava em uma encosta rochosa e íngreme, a uma profundidade de 44 a 52 metros. Havia artefatos espalhados até 61 metros. Escavar foi uma tarefa gigantesca. Assim, exigiu onze campanhas consecutivas de três a quatro meses, conduzidas pelo Institute of Nautical Archaeology. No total foram 22.413 mergulhos entre 1984 e 1992.
Com 15 metros de comprimento o Uluburun, segundo o www.maritimearchaeologytrust.org, é o primeiro exemplo conhecido de um navio construído com a utilização da técnica avançada de encaixe, onde as pranchas eram unidas por línguas planas de madeira inseridas em fendas cortadas nas tábuas. A madeira é o cedro libanês, originário das montanhas do Líbano, do sul da Turquia e do centro de Chipre (OBS: hoje quase não existem mais cedros no Líbano).
18 mil artefatos espetaculares foram recuperados
A carga do navio Uluburun consistia principalmente de matérias-primas que eram itens comerciais e que antes da descoberta eram conhecidas principalmente por textos antigos ou pinturas de tumbas egípcias. Ao todo, ela rendeu mais de 18 mil artefatos espetaculares. Segundo o Institute of Nautical Archaeology ‘a descoberta provou ser um carregamento de elite do final da Idade do Bronze, fornecendo evidências arqueológicas preciosas para os presentes exóticos e valiosos trocados por reis, chefes de estado ou comerciantes ricos’.
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Já o www.ancient.origins.net acrescenta que a carga principal foi de aproximadamente 10 toneladas de cobre, principalmente cipriota na forma de 354 lingotes. O Uluburun também continha os primeiros lingotes de vidro intactos conhecidos. Foram recuperados 175 em forma de discos coloridos com azul cobalto, turquesa e um lavanda único.
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Os mais de 20 mil mergulhos por si só demonstram a importância que os arqueólogos atribuíram à descoberta. Graças a este demorado e minucioso trabalho de escavação, outras raridades vieram à tona.
Um escaravelho com inscrição da Rainha Nefertiti
O www.ancient.origins.net explica: Outras matérias-primas incluíam uma tonelada de resina de terebinto contida em cerca de 150 potes cananeus (provavelmente para incenso). Os produtos acabados eram igualmente luxuosos. Entre eles, objetos egípcios de ouro, prata e pedra. Joias cananeias; milhares de contas feitas de vidro, ágata, cornalina, quartzo, faiança e âmbar. E estatuetas finamente trabalhadas, incluindo uma estatueta feminina de bronze, parcialmente revestida de ouro, de origem sírio-palestina. Contudo, um dos itens mais exclusivos e preciosos era um escaravelho com a inscrição da Rainha Nefertiti (para os antigos egípcios um escaravelho era símbolo da ressurreição e da imortalidade).
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Tripulação cananeia ou cipriota
Segundo o www.ancient.origins.net, uma análise dos artefatos que eram pertences pessoais dos tripulantes, como ferramentas, lamparinas a óleo e quadros de escrita, sugere que a tripulação era cananeia e/ou cipriota, embora pelo menos dois fossem micênicos. Contudo, o responsável pela escavação, Institute of Nautical Archaeology, diverge: ‘Objetos pessoais, como armas e utensílios de cozinha, pesos de equilíbrio e instrumentos musicais, incluindo alaúdes com caixas de som de tartaruga, sugerem que o navio era operado por uma tripulação siro-cananeia e transportava vários passageiros do continente grego.
As proveniências dos artefatos sugerem que o Egeu da Idade do Bronze Final fazia parte de uma rede de comércio internacional talvez baseada na entrega de presentes reais no Oriente Próximo, onde os navios navegavam pelo Mediterrâneo numa rota circular da Síria-Palestina a Chipre, até ao Egeu, e ocasionalmente até o extremo oeste da Sardenha, depois de volta para casa via Norte da África e Egito.
O estudo do naufrágio do Uluburun está em andamento, mas a nacionalidade do navio permanece indefinida. Os pesquisadores ainda trabalham para identificar todos os objetos encontrados na nave. O naufrágio é uma fonte valiosa de informação sobre o mundo antigo, e o novo estudo fornece mais informações sobre as complexas redes comerciais e intercâmbios culturais que ocorriam na época.
O Uluburun é considerado um dos naufrágios mais importantes e fascinantes já descobertos e forneceu aos arqueólogos uma abundância de informações sobre a sociedade e a cultura antigas em todo o Mediterrâneo, incluindo a construção de navios da Idade do Bronze, rotas marítimas, práticas comerciais e a produção e troca de matérias-primas e bens de luxo. Hoje, os restos do Uluburun e sua carga estão alojados no Museu de Arqueologia Subaquática de Bodrum.