Desenvolvimento das cidades e impacto nos oceanos

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Desenvolvimento sustentável das cidades e impacto nos mares e oceanos

Desenvolvimento das cidades e impacto nos oceanos, por Mariana Malufe Spignardi.

Pouco se fala sobre a correlação entre o desenvolvimento das cidades e ecossistemas marinhos. Mas regiões litorâneas são comumente ocupadas e a urbanização destas áreas, com suas dinâmicas socioambientais, não podem ser dissociadas do equilíbrio ambiental dos mares e oceanos. No Brasil predominam cidades com uma ocupação territorial desordenada. Isso resulta em um espalhamento territorial sobre áreas de risco e de proteção ambiental. Este padrão de desenvolvimento urbano choca-se com a busca pelo equilíbrio ambiental de nossos mares e oceanos. Principalmente em nosso país, onde 85% dos habitantes vivem ao longo dos 8,5 mil quilômetros de costas .

imagem do Desenvolvimento das cidades costeiras

Previsão: aumento significativo no desenvolvimento das cidades

A previsão é de um aumento significativo nos níveis mundiais de urbanização. Isso fará com que a atual população urbana, de aproximadamente 55%, chegue a 75% dos habitantes do planeta em 2050. No Brasil estes números são ainda mais significativos. De acordo com dados da PNAD – Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 2015, 84,72% da população brasileira vive em áreas urbanas. A previsão  é de que até 2030, mais de 90% da população esteja vivendo em cidades.

Impacto ambiental das cidades

As cidades ocupam aproximadamente 2% do território do planeta. Mas seu impacto ambiental vai muito além dos limites territoriais. Além do consumo de recursos naturais, como água e energia, os centros urbanos respondem por mais de 70% das emissões de gases de efeito estufa do planeta. E a poluição gerada tem relação direta com os ecossistemas terrestres e aquáticos, em especial os marinhos. Em nenhum outro período da civilização humana as ameaças aos ecossistemas marinhos foram tão extremas e a poluição nos habitats costeiros atingiram níveis alarmantes.

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Antes de mais nada os governantes do Rio de Janeiro têm que parar de roubar os cofres públicos, e pensarem no futuro.

Crescimento populacional

O iminente crescimento populacional, aliado aos altos índices de urbanização, aumentam a pressão exercida sobre os oceanos. A previsão é de atingirmos 8,6 bilhões de habitantes até 2030. Pior.  O crescimento será concentrado em países em desenvolvimento ou de baixa renda, onde a infraestrutura urbana é predominantemente precária.

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O padrão de desenvolvimento urbano com acesso restrito a serviços básicos, soma-se à mudança de hábitos característica dos novos habitantes das cidades. Estes, aumentam drasticamente o consumo de produtos e serviços, quando comparados ao consumo da vida rural. O aumento no consumo de recursos naturais gera mais resíduos e poluição. Outra tendência das pessoas que passam a habitar as cidades é de aumentar o consumo de carne e proteína de peixe, potencializando a pressão sobre os oceanos.

Países em desenvolvimento

Nos países em desenvolvimento e de baixa renda o adensamento populacional não é necessariamente acompanhado dos investimentos em serviços básicos como drenagem urbana, saneamento e gestão de resíduos. Tal descompasso é determinante no incremento da poluição. Na maioria dos casos, as cidades crescem sem um planejamento urbano adequado. Isso resulta em espalhamento territorial com duplo efeito negativo.

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Oneram os custos per capita em saneamento, comprometendo a capacidade de investimentos dos governos nesse setor. E provocam imensos danos ambientais. Como resultado desta dinâmica de ocupação temos uma estimativa de R$ 313,2 bilhões  para o custo da universalização do saneamento no país.

Desenvolvimento urbano e ecossistemas marinhos

A influência das cidades e da população urbana nos mares e oceanos tende a aumentar à medida em que aumentam os níveis de urbanização e o espalhamento territorial das cidades. O desenvolvimento urbano sustentável não pode ser dissociado de sua influencia nos oceanos, visto que a falta de infraestrutura urbana é determinante para os altos índices de poluição nas regiões litorâneas. Para minimizar efetivamente as agressões que ameaçam nossos oceanos, é preciso ordenar o desenvolvimento urbano de nossas cidades. E identificar o impacto das cidades, na preservação dos ecossistemas marinhos, é o primeiro passo.

Fontes: http://www.brasil.gov.br/cidadania-e-justica/2016/10/em-2030-90-da-populacao-brasileira-vivera-em-cidades?; TSPD_101_R0=9f095b1c465bf6e2f19f1313d0d76c3cev10000000000000000e0d766bdffff00000000000000000000000000005ad4b3ca0029b05f4f; http://economia.estadao.com.br/noticias/geral,despoluicao-dos-oceanos,70001897081.

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Comentários

3 COMENTÁRIOS

  1. João, ótimo texto. As pessoas, os gestores, deveriam saber a importância de um gerenciamento adequado de resíduos sólidos e do saneamento básico para a qualidade dos oceanos, bem como da importância para gerar empregos e renda por meio do turismo. Ninguém gosta de praia poluída e não irá gastar seu dinheiro em locais sem qualidade ambiental. É fato.

    Parabéns pelo trabalho.

  2. Olá, João,
    Excelente artigo. Se você me permite, sugiro que conheça o trabalho do Instituto EcoFaxina, de Santos, que faz um trabalho fundamental e incansável de conscientização da população e do poder público quanto a como prevenir e combater a poluição dos oceanos, através, inclusive, da organização de “clean-ups” em praias e áreas degradadas das palafitas da região.
    https://www.institutoecofaxina.org.br/
    Um abraço,
    Demian Topel

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