Créditos de Carbono Azul podem amenizar o aquecimento global

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Créditos de Carbono Azul podem amenizar o aquecimento global

A expressão Blue Carbon, ou Carbono Azul, surgiu pela importante contribuição das plantas marinhas para mitigar o aquecimento global. Significa o carbono capturado pelos ecossistemas costeiros. Manguezais,  gramas marinhas, e pântanos salgados, sequestram e armazenam carbono da atmosfera durante o processo de fotossíntese com mais eficiência que as plantas terrestres. Por isso são peça essencial da solução para a mudança climática. Por seu indispensável valor, tudo indica que o acirramento do aquecimento, e a luta para mitigá-lo, farão decolar os créditos de carbono azul.

Infográfico mostra localização do carbono azul no mundo
A localização do o carbono azul. Ilustração, the Blue Carbon Iniciative.

Créditos de Carbono Azul podem amenizar o aquecimento global

O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente em seu relatório de abril de 2021, “Fazendo a Paz com a Natureza“, sugeria:  “A restauração do ecossistema (de carbono azul) pode simultaneamente mitigar as mudanças climáticas, desacelerar e reverter o declínio da biodiversidade e aumentar os benefícios que as pessoas obtêm da natureza.”

A humanidade está ameaçada pelo aquecimento global e suas consequências. Quanto mais gases de efeito estufa na atmosfera, mais frequentes e violentos serão os eventos extremos que já causam milhares de mortes, deslocamentos de populações, bilhões em prejuízos, e uma perigosa perda de biodiversidade que ameaça o ser humano.

Para a ONU, a restauração e proteção dos ecossistemas marinhos é a melhor solução ao nosso alcance. E isso não depende de acordos globais demorados e complicados. Pode ser feito por cada país que tenha estes ecossistemas, como o Brasil, por exemplo.

Editorial da revista Science, agosto 2021: ‘Carbono azul não pode esperar’

Em agosto este ícone da ciência, a revista Science publicou editorial escrito por Fanny Douvere, onde dizia que ‘restaurar ecossistemas de carbono azul pode remover cerca de 0,5% das emissões globais atuais, com co-benefícios para ecossistemas locais e meios de subsistência’.

‘Isso inclui a melhoria da qualidade da água; aumento da biodiversidade marinha e terrestre; preservação dos meios de subsistência, práticas culturais e valores das comunidades locais e tradicionais; e a proteção das linhas costeiras e sua resiliência em face das mudanças climáticas. É um grande retorno sobre o investimento’.

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Imagem de manguezal
O carbono azul. Imagem, Conservation International.

O Earth.org fez coro: ‘Os créditos de carbono, um método de redução das emissões de dióxido de carbono por meio de doações e transações corporativas, estão começando a criar mercados nos oceanos, além dos projetos tradicionais baseados em terra’.

‘Essa expansão, conhecida como “créditos de carbono azul”, tem implicações profundas tanto para o meio ambiente quanto para os negócios globais. Os créditos de carbono azul podem levar à redução do aquecimento global e a ecossistemas costeiros mais saudáveis, ao mesmo tempo que aumentam o lucro econômico para empresas em todo o mundo’. 

O mercado de créditos

Segundo Verra.org, líder em certificações e sediada em Washington, ‘Existem atualmente quase 1.600 projetos registrados em mais de 82 países que geraram mais de 450 milhões de créditos de carbono, o equivalente a 98 milhões de veículos de passageiros sendo retirados das estradas por um ano (1.600 projetos de crédito de carbono, não especificamente o azul).’

O primeiro projeto de crédito de carbono azul está em análise pela Verra neste momento. Ele envolve a Virginia Nature Conservancy, organização sem fins lucrativos focada na mudança climática, que fez parceria com a Universidade da Virgínia e o Instituto de Ciências Marinhas da Virgínia para plantar mais de 70 milhões de sementes nas baías ao largo da costa da Virgínia. 

Um crédito de carbono equivale à liberação de uma tonelada de dióxido de carbono na atmosfera, cujo custo  varia entre US$ 10 e US$ 20 por tonelada métrica de CO2.

Este mercado voluntário de carbono  em breve poderá ser expandido já que é esperado que a COP 26, em novembro, finalmente regulamente o artigo 6º do Acordo de Paris, aquele que estabelece e regulamenta o mercado de créditos de carbono.

O mercado de carbono azul pode ter um imenso valor correspondendo a 10% das emissões globais anuais de gases de efeito estufa.

Segundo o editorial da Science, ‘os 50 locais marinhos do Patrimônio Mundial da Humanidade da UNESCO  representam apenas 1% dos oceanos do mundo, mas hospedam 21% dos ecossistemas de carbono azul do mundo e 15% do carbono azul armazenado no mundo – igual a 10% das emissões globais anuais de gases de efeito estufa’.

‘A proteção desses ecossistemas de carbono azul evitará que bilhões de emissões adicionais de CO2 entrem na atmosfera’.

Da onde virá o dinheiro para a proteção? Dos créditos de carbono azul. Voltamos ao editorial: ‘O crescente mercado de crédito de carbono azul permite que organizações e países que conservam e restauram ecossistemas de carbono azul reivindiquem ou vendam créditos em mercados globais de crédito de carbono’.

‘Onde quer que os habitats de carbono azul tenham sofrido perdas, os créditos de carbono azul podem ajudar a apoiar sua restauração’.

É preciso ampliar o mercado já

Nenhum país precisa, necessariamente, esperar a decisão da COP 26 para incorporar a estratégia. Não fosse a equivocada e atrapalhada política ambiental que não nos leva a lugar nenhum, o Brasil já poderia participar, e lucrar com sua biodiversidade.

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Mas, como reconhece o editorial da Science, ‘até agora, poucos países incorporaram estratégias de carbono azul em suas políticas de mitigação das mudanças climáticas’.

‘A Iniciativa do Carbono Azul, criada pela Comissão Oceanográfica Intergovernamental da UNESCO, a União Internacional para a Conservação da Natureza e a Conservação Internacional, incentiva mais países a desenvolver métodos abrangentes para avaliar os estoques e as emissões de carbono azul’.

O bola está com o novo ministro do Meio Ambiente, Joaquim Pereira Leite. Melhor ele do que seu arrogante e ignorante antecessor.  Ricardo Salles teve a obtusidade de tirar a proteção aos manguezais do País pouco antes de ser exonerado (medida suspensa pela Justiça).

Imagem de abertura: Conservation International

Fontes: https://science.sciencemag.org/content/373/6555/601?fbclid=IwAR0S7-7sqKQ00aD54-UeAnu6j4Y3RCBWvXnNgNQwsvvEVRFiX9iZ_81XZok; https://verra.org/; https://earth.org/blue-carbon-credits/.

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Comentários

1 COMENTÁRIO

  1. Mais um excelente caminho para o saneamento de nossa atmosfera, recuperarmos nossos manguezais, criatório de vida marinha, além de nos credenciar ao recebimento de créditos de Carbono Azul. Bom para todos e para os negócios!

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