Califórnia abre processo climático contra petroleiras
A Califórnia tem algumas das regulamentações ambientais mais rígidas dos Estados Unidos. Às vezes, esses padrões podem se espalhar para outros estados e além. Os especialistas os chamam de “Efeito Califórnia”. Com uma população de 39 milhões, a maior do país, constitui um mercado tão grande que qualquer coisa que o estado faça terá repercussão entre as empresas nacionais e globais. Agora, a Califórnia acaba de abrir um amplo processo climático contra a Exxon Mobil, Shell, BP, ConocoPhillips e Chevron. E, de maneira idêntica, contra o maior lobby da indústria petrolífera nacional, o American Petroleum Institute. A ação, movida no Tribunal Superior de São Francisco, alega que as empresas enganaram o público durante décadas sobre as mudanças climáticas e os perigos dos combustíveis fósseis.
A indústria do petróleo na berlinda de novo
As indústrias do petróleo e do tabaco são comumente associadas às mentiras ao público nos Estados Unidos e no mundo. As primeiras, negando os efeitos de combustíveis fósseis no aquecimento do planeta. As segundas, contestando o efeito do tabaco e sua relação direta com o câncer.
Em 2020 a BBC desmascarou ambas. A rede provou que financiavam cientistas e médicos para negarem o óbvio. Além disso, os dois setores gastaram milhões de dólares em campanhas publicitárias com o claro objetivo de confundir o público.
A Califórnia decidiu dar o troco. A ação exige que as empresas ajudem a financiar os esforços de recuperação relacionados com os eventos climáticos extremos no estado. Desde a subida do nível do mar até à seca e aos incêndios florestais.
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Gigantes do petróleo já enfrentam dezenas de ações judiciais
Segundo o National Public Radio, os gigantes do petróleo já enfrentam dezenas de ações judiciais de estados e localidades devido ao seu papel nas alterações climáticas. O caso da Califórnia aumenta as ameaças legais que a indústria dos EUA enfrenta. A decisão força as empresas a defenderem-se contra a maior economia dos EUA e um importante estado produtor de petróleo.
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O governador Gavin Newsom disse que os danos causados pelo engano das empresas eram “incalculáveis”. E que o seu estado está preparado para impor a responsabilização. “Acreditamos que a escala e o escopo do que o estado da Califórnia pode fazer podem mudar o rumo”, disse em uma discussão organizada pela Semana do Clima de Nova York.
O Guardian, que também repercutiu o processo, explicou: ‘A queixa de 135 páginas argumenta que as empresas sabem, pelo menos desde a década de 1960, que a queima de combustíveis fósseis aqueceria o planeta e mudaria o clima. Entretanto, minimizaram a ameaça iminente em declarações públicas e no marketing (ou seja, o caso da BBC que mencionamos).
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Tundra do Ártico emite mais carbono do que absorveVanuatu leva falha global em emissões à HaiaO plâncton ‘não sobreviverá às mudanças do clima’‘Afirmou que os cientistas das empresas sabiam, já na década de 1950, que os impactos climáticos seriam catastróficos. Além disso, sabiam que havia apenas uma janela de tempo estreita durante a qual as comunidades e os governos poderiam responder.’
Relembrando a fraude descoberta pela BBC
E, mais uma vez relembrando a fraude, diz o Guardian: ‘Em vez disso, afirma o processo, as empresas montaram uma campanha de desinformação que começou pelo menos já na década de 1970 para desacreditar um consenso científico crescente sobre as alterações climáticas. E contestaram os riscos relacionados.
O jornal ouviu Kathy Mulvey do Union of Concerned Scientists: “O processo aumenta o impulso crescente para responsabilizar as grandes petrolíferas pelas décadas de fraude e garantir o acesso à justiça para pessoas e comunidades que sofrem com condições climáticas extremas provocadas por combustíveis fósseis e desastres como a subida do nível do mar.”
Por último, as alegações no processo incluem culpar as empresas por criarem ou contribuírem para as alterações climáticas na Califórnia, publicidade falsa, danos aos recursos naturais e práticas comerciais ilegais por enganarem o público.