Budião-azul, Abrolhos e sobrepesca, mais um ameaçado

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Budião-azul, Abrolhos e sobrepesca, mais uma espécie ameaçada de extinção

Ele também é conhecido como peixe papagaio-azul, e é mais uma das espécies que desde 2014 está na Lista Nacional de Espécies Ameaçadas de Extinção. No litoral do Rio de Janeiro, antes abundante, agora ele quase não existe mais. Para salvar a espécie na costa do Estado,  é o primeiro peixe a ser monitorado por telemetria com chips e tecnologia GPS, informou O Globo em 2019. Agora um estudo mostra que até em Abrolhos, uma das poucas unidades de conservação de proteção integral, de onde não se pode extrair recursos vivos, sua população diminuiu em cerca de 30%. Budião-azul, Abrolhos e sobrepesca, mais uma espécie ameaçada de extinção.

imagem de budião-azul
Imagem, Ronaldo Francini.

Budião-azul, Abrolhos e sobrepesca

No Rio de Janeiro os pesquisadores trabalham na região de Arraial do Cabo onde ele era tão abundante em razão também da ressurgência (afloramento de águas frias ricas em nutrientes que resulta em níveis maiores de produtividade primária e produção pesqueira), diz o Globo, que ‘era vendido como se fosse carne de garoupa’.

Mas a festa acabou. Os que sobraram são monitorados na esperança de, conhecendo mais a espécie, ela possa ser salva. Agora matéria da sociocientífica, de novembro de 2020, mostra que pesquisadores descobriram que a população diminuiu cerca de 30% em apenas seis anos, e num local ‘protegido’.

O adjetivo ‘protegido’ está entre aspas  em razão de que nossas áreas marinhas estão ‘protegidas’ apenas no papel, como já cansamos de denunciar. As unidades de conservação são criadas por decreto. Mas a fiscalização e as mínimas condições para que uma área assim dê os resultados esperados, depende de recursos. Recursos que nunca chegam.

A pesquisa em Abrolhos

A avaliação foi feita por pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Eles avaliaram a população do budião-azul a partir de amostras coletadas de 2003 a 2008 em 28 recifes de Abrolhos. Posteriormente, concluíram o trabalho pesquisando no litoral do Rio Grande do Norte entre 2014 e 2016. Segundo o site sociocientífica, a técnica usada foi ‘o censo visual estacionário aninhado’, quando os pesquisadores mergulham em determinado local e apenas contam a quantidade de peixes avistada.

Depois desse primeiro processo, os dados  são trabalhados em modelos matemáticos. A autora principal, Natália Roos, não deixou dúvidas sobre nossas áreas marinhas ‘protegidas’: “A pesca é tão forte na região que as áreas marítimas protegidas não dão conta de manter as populações de budião.”

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Declínio de outras espécies fez o budião-azul entrar na mira

É sempre assim. Enquanto existem espécies mais apreciadas pelos consumidores, outras são deixadas de lado. Mas quando as preferidas somem por exaustão dos cardumes, espécies até então abundantes passam a entrar na mira dos pescadores. E o ciclo se repete. Este é o caso do lindo budião-azul.

Plano Nacional de Recuperação de Espécies Ameaçadas

Este é mais um dos muitos planos do ICMBio, que assim o descreve em seu site: “O indicador monitora, anualmente, o percentual das espécies da fauna brasileira ameaçadas de extinção com Plano de Ação Nacionais para a Conservação e o Manejo das espécies ameaçadas de extinção no país – PAN. Permite, portanto, subsidiar a avaliação do nível de atendimento do país às metas de conservação acordadas internacionalmente para evitar a extinção de espécies.”

Acontece que desde 2019 os órgãos ambientais vivem um ‘apagão’ provocado por equívocos e ignorância do atual governo. E até hoje o plano não foi implementado, informa a sociocientífica.

Segundo a pesquisadora Natália Roos, “o Plano permitia a pesca do budião-azul apenas em áreas de uso sustentável para pescadores cadastrados, respeitando uma janela de captura determinada que protegia peixes jovens e grandes reprodutores da espécie.”

‘Permitia’, ‘protegia’, como se vê, os verbos estão no pretérito imperfeito. A conclusão dos pesquisadores não é diferente do que este site vem dizendo há muitos anos sobre a pesca mundial, e no Brasil também: não há força no mundo capaz de brecá-la.

A ‘pesca sustentável’

Para além disso, particularmente, não acreditamos em ‘pesca sustentável’  em quase nenhum lugar do mundo, muito menos no Brasil. Resultado? Segundo os pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), “caso essas medidas não sejam tomadas o mais rápido possível, a proibição total da pesca será a única forma de promover a recuperação das populações desta espécie no futuro.”

Matéria da revista Piauí, setembro de 2020, comenta os estudos destes mesmos pesquisadores na costa do Rio Grande do Norte, ‘ o segundo lugar do país em que os budiões-azuis se revelam mais abundantes, atrás apenas de Abrolhos.’

A Piauí diz que ‘a população do peixe caiu 50% ao longo das últimas três décadas’. Pudera, a mesma publicação diz que (apesar de estar na lista das espécies em extinção) ‘anualmente, 9 toneladas de budiões-azuis são retiradas do oceano no Rio Grande do Norte’.

Ou seja, áreas marinhas protegidas no Brasil são ficção, e a pesca, uma total esculhambação. Enquanto isso o ‘ministro’ do meio ambiente libera a pesca de sardinha em Fernando de Noronha, outra de nossas áreas marinhas de ‘proteção integral’.

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É, ou não, uma esculhambação?

Imagem de abertura: Ronaldo Francini.

Fontes: https://oglobo.globo.com/sociedade/chip-com-gps-esperanca-para-salvar-budiao-azul-23853218; https://socientifica.com.br/peixe-budiao-azul-tem-declinio-de-30-nos-abrolhos-por-causa-da-sobrepesca/?fbclid=IwAR3nwcFzRqe5OPQKAIsMGoTT9_PdUbbkQ0B8UBkKSnCG8HKNcSTlZk8nyF0;https://piaui.folha.uol.com.br/materia/na-ponta-do-arpao/.

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