Após manifestação, pescadores conseguem agendar negociação com governo.
No início dessa semana, uma manifestação que durou 31 horas bloqueou o segundo maior porto do Brasil e o acesso de navios cargueiros e turísticos em Itajaí, Santa Catarina.
Cerca de 200 barcos de pesca bloquearam o acesso ao canal do rio Itajaí-Açu. Este é o único meio de entrada no complexo portuário local, que movimenta anualmente mais de 1,1 milhão de contêineres e recebe cerca de 43.000 turistas.
Seis navios estrangeiros com centenas de contêineres aguardavam a liberação para ingressar no porto, além de um transatlântico que partiu de Santos e atracou para buscar novos passageiros e acabou sendo proibido de partir.
Mais lidos
Declínio do berçário da baleia-franca e alerta aos atuais locais de avistagemVírus da gripe aviária mata milhões de aves mundo aforaArquipélago de Mayotte, no Índico, arrasado por cicloneAcidente com dois petroleiros russos ameaça o Mar NegroA razão do protesto foi a divulgação de uma extensa lista elaborada pelo Ministério do Meio Ambiente no mês passado que proíbe a pesca de 475 espécies de peixes e invertebrados aquáticos. Entre eles, estão parte das espécies que mais são pescadas no litoral brasileiro, como cação, garoupa, lambari, badejo e arraia. O Estado de Santa Catarina é o maior polo pesqueiro marítimo do país com a produção de cerca de 150.000 toneladas de pescados por ano.
Essa é uma situação de grande ameaça a nossos recursos pesqueiros. Vale lembrar que as pescas proibidas foram decididas com base em muita pesquisa, estudos e análises de especialistas convocados pelo Instituto Chico Mendes, o ICMBio. De acordo com o Ministério do Meio Ambiente, a relação dos peixes e invertebrados aquáticos ameaçados de extinção foi elaborada com base científica reconhecida internacionalmente.
PUBLICIDADE
Os sindicatos que representam os trabalhadores (Sitrapesca) e a indústria pesqueira (Sindipi) reivindicam uma revisão desta lista. Após 31 horas de protestos, o MMA e o Ministério da Pesca aceitaram a negociação de incluir os representantes na reunião que acontecerá hoje, em Brasília, para analisar mais uma vez a lista.
Os animais marinhos seguem um regime diferenciado dos demais, já que a atualização da lista de ameaçados de extinção passará a ser atualizada anualmente, antes ocorria a cada década.
O Meio Ambiente informou ainda que a sobrevivência de algumas espécies depende da suspensão de sua captura.
Mar Sem Fim também manifesta uma profunda preocupação com o rumo desses acontecimentos diante da pressão do setor pesqueiro que deve aprender a trabalhar baseando-se na sustentabilidade, obedecendo um regime de áreas protegidas, defesos e o monitoramento adequado das capturas por espécie.