Salmão de cativeiro, pragas e problemas

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Salmão de cativeiro: praga de piolhos provoca aumento de preço

Estamos ainda muito longe de resolver os problemas do salmão de cativeiro.

O custo do atacado aumentou 50% em 2016 porque fazendeiros da Escócia, Noruega e Chile lutavam para resolver o problema do parasita

Esta foi a manchete do The Guardian de janeiro de 2017. Mas a notícia não ficou restrita à Europa. Nos USA, o site da CBS news estampou:

Preços de salmão crescem com parasitas em fazendas de peixes
Pois é, ser popular como o salmão, dá nisso.
salmão de cativeiro, imagem de salmão na mão de uma pessoa
Foto: The Guardian

Estamos longe de resolver o problema da criação de peixes em cativeiro

Os problemas são inúmeros. As rações, por exemplo, são feitas à base de farinha de peixe. Muitas das fazendas que as utilizam são insustentáveis.

Como explicamos no diário de bordo da primeira viagem à Antártica, quando o Mar Sem Fim visitou uma fazenda no Chile, segundo maior produtor atrás apenas da Noruega, a razão é muito simples: a ração  é feita à base de farinha de peixes.

Espécies até agora sem valor econômico, deixadas de lado pelas frotas industriais, passaram a ser capturadas para serem transformadas em alimento para as criações.

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Para cada quilo de farinha é preciso entre três e quatro quilos de peixes. Com isto o volume da carne produzida é sempre menor que o total consumido como alimento.

O mesmo problema se nota na carcinicultura no Nordeste brasileiro. Atividade cara ao ministro que desprotege o meio ambiente.

As criações intensivas e os riscos de contaminação

Criação intensiva aumenta o risco de infecção. Para prevenir, quantidades expressivas de antibióticos são jogadas nos tanques,  junto com outras substâncias tóxicas.

Aos poucos estes rejeitos, engrossados pelas fezes dos milhares de peixes, vão sendo depositados no fundo do mar. Tudo isto polui ainda mais as já maltratadas águas marinhas.

O piolho do salmão de cativeiro

Os piolhos do mar, e a doença ameboide, das guelras, são duas que atacaram o salmão de cativeiro. Ambas as pragas tornaram-se mais comuns em fazendas de peixes nos últimos anos, com especialistas culpando aquecimento das temperaturas do mar associado com a mudança climática.

Os parasitas – um resistente primo marinho do piolho da madeira – se ligam à pele, barbatanas ou brânquias e se alimentam dos peixes.

Volume de salmão de cativeiro produzido na Escócia caiu 16%

The Guardian diz que

Um dos principais produtores internacionais, a Marine Harvest, disse que o volume de salmão de cativeiro produzido na Escócia caiu 16%, ou 1.500 toneladas, no verão, em parte porque  matou acidentalmente 175.000 peixes ao tentar tratá-los contra os piolhos usando um dispositivo chamado de Termolicer.

 A mesma fonte informa que na Escócia
…a produção caiu 4%, para 171.722 toneladas em 2015. Prevê-se que melhore, mas é improvável que o objetivo de restabelecer a produção normal seja alcançado devido aos piolhos do mar e à doença ameboide das guelras, uma doença potencialmente fatal causada por outro parasita
Já o site da CBS disse que,
Os produtores de salmão, que fornecem a grande maioria dos peixes vendidos aos consumidores dos EUA, enfrentam inúmeros desafios ambientais, incluindo um surto de piolhos do mar que o aquecimento global pode estar exacerbando. Os parasitas, que se alimentam do sangue e tecido do peixe, supostamente estão crescendo imunes aos pesticidas que os produtores estão usando para combatê-los.
Salmão de cativeiro, ilustração de um salmão
O ilustre e icônico Salmão (ilustração: Dr. Odd)
Fontes: https://www.theguardian.com/business/2017/jan/13/price-of-salmon-leaps-50-as-sea-lice-epidemic-worsens; http://www.cbsnews.com/news/salmon-price-surges-as-parasites-plague-fish-farms/.
Foto de abertura: (Ilustração de abertura: site Dr. Odd).

Comentários

4 COMENTÁRIOS

  1. Os camaroēs estão infestados de vírus que veio da Europa. Os criadores também dizem que não faz mal para os humanos. Não comemos nada que é criado em cativeiro.

  2. Acompanho a coluna há algum tempo e gosto muito da proposta, mas os textos precisam melhorar, inclusive com a confirmação prévia das informações citadas. Por exemplo, a afirmação de que antibióticos são aplicados indiscriminadamente não se sustenta economicamente. O produto é caro o suficiente para inibir seu uso indiscriminado (até onde sei sequer são utilizados). Outro ponto é em relação à ração: até onde estou informado são as vísceras do pescado comercial que são utilizadas na fabricação de rações. Além disso, não foi considerada na reportagem o quanto a criação em cativeiro de peixes poupa da fauna marinha afetada pesca convencional. afinal, se parte da demanda é suprida com a criação em cativeiro, tendo a pensar que os rios e mares estão sendo menos afetados pela indústria pesqueira. Será que não seria mais construtivo aprofundar as investigações para melhor fundamentar a reportagem? Penso que uma postura alarmista que ignore todos os aspectos envolvidos não colabore no esforço de preservação, pois serve de munição para aqueles que apenas querem desacreditar a pauta ambiental.

    • Felipe: obrigado pela mensagem. Há dezenas de matérias no site sobre a criação de peixes do mar em cativeiro. A vasta maioria é insustentável pelos motivos explicados, a ração é feita de peixes e é preciso vários quilos de peixes para fabricar um quilo de ração. A conta não fecha. E além disso, há os problemas relatados sobre as doenças em criações sempre intensivas que, muitas vezes, as dizimam. Quanto à industria da pesca mundial, ela também tem demonstrado ser incontrolável. Temos dezenas de matérias que explicam em mais detalhes. Sugiro que vc pesquise no site.

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