Aquário do Rio de Janeiro, o maior da América do Sul

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Aquário do Rio de Janeiro, AquaRio, o maior da América do Sul acaba de ser inaugurado

Aquário do Rio de Janeiro: o prédio era um antigo frigorífico que, reformado, se transformou no maior aquário da América do Sul. O telhado é coberto por placas de energia solar e promete gerar metade da demanda de energia. O tanque principal tem 3,5 milhões de litros de água e sete metros de profundidade. Nele ficarão cerca de 200  peixes, tubarões e raias, e os visitantes poderão observa-los atravessando o tanque por um túnel envidraçado.

aquário do rio de janeiro, imagem do tanque principal do aquário do Rio de Janeiro
O tanque principal com o túnel. Ilustração: O Estado de S. Paulo

A função de um aquário

Eles são extremamente importantes. Funcionam como locais de lazer, pesquisa e, sobretudo, mostram ao público a importância da manutenção dos ecossistemas marinhos tão maltratados no país. O aquário fica na área do porto, à beira da baía de Guanabara, um estuário outrora cercado por manguezais, costões rochosos, o mais famoso deles o Pão de Açúcar; praias e planícies de maré, que recebia água doce e limpa de diversos rios que nascem na área serrana. Esta quantidade de ecossistemas marinhos proporcionava um espetáculo diário aos primeiros colonizadores do Rio de Janeiro. E, além disso, era um dos locais mais bonitos da costa brasileira, cercado por montanhas cobertas de Mata Atlântica. Um dos mais famosos ‘cartões postais’ do Brasil.

aquário do rio de janeiro
aquário do rio de janeiro: o antigo frigorífico transformado. Ilustração: O Estado de S. Paulo

‘Guanabara’, Seio do Mar em tupi- guarani

Os primeiros habitantes da baía foram os índios Tamoios. De acordo com o livro “Baía de Guanabara- Biografia de uma paisagem”, de Eliane Canedo de Freitas Pinheiro (Ed. Andrea Jakobson), havia 15 mil deles no entorno da baía.

Viviam num vasto celeiro natural cujo elemento principal era a baía. Inspirados pela abundância de alimentos que ela lhes oferecia, decidiram batizá-la, bem antes dos portugueses, com o nome de Guanabara, que na linguagem tupi- guarani significa ‘Seio do Mar’

aquário do Rio de Janeiro
A caça de baleias na baía de Guanabara

E ainda,

segundo relatos do padre Anchieta os índios com suas canoas não sabiam para que lado remar porque de todas as partes se viam cercados por baleias. A caça destes cetáceos gerou, durante quase três séculos, uma grande riqueza comercial. No entanto, fez desaparecer um dos mais belos espetáculos da natureza, proporcionado pelo alegre dançar das baleias e seus filhotes no magnífico cenário da baía de Guanabara.

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aquário do Rio de Janeiro, imagem de gravura da baía de Guanabara em 1828
A baía de Guanabara, em 1828, na visão do pintor Felix Taunay

Cronologia das grandes intervenções na baía de Guanabara ‘que se torna uma imensa cloaca’

A primeira foi a transferência da capital, de Salvador para o Rio, em 1763. Em 1808 chega a corte portuguesa e se estabelece no Rio de Janeiro. No início do século 19 começou o ciclo do café. Com ele veio o desflorestamento no entorno da baía. Em 1862 o governo imperial cria a primeira rede de esgotos sanitários, até então, tudo era jogado na baía. Segundo o diário de André Rebouças (1838 – 1898),

O nosso atual sistema de esgotos é uma obra infecta, cujo erro máximo foi transformar a baía do Rio de Janeiro em cloaca…

No final do século 19, em 1897, surge a primeira favela carioca, situada no Morro da Providência, no centro da cidade. O lixo e os dejetos da favela tinham local certo: a baía de Guanabara.

O século 20 foi dramático para a baía de Guanabara. Em 1950 ela recebe sua primeira refinaria, a Duque de Caxias. Saltando para 1991, o censo do IBGE deste ano mostra que pouco mais de 1.000.000 de pessoas habitavam favelas na bacia da Baía de Guanabara. Além disso, em seu entorno há vários portos, indústrias, terminais de petróleo. Ainda assim, de acordo com a autora citada,

o esgoto doméstico sempre foi o maior polidor das águas da baía. Ela recebe hoje um volume de esgotos in natura estimado em 15 mil litros por segundo, o que equivale ao conteúdo de 685 piscinas olímpicas por dia.

A importância do aquário do Rio de Janeiro

Um dos maiores problemas da vida marinha é que ela é difícil de ser vista. As pessoas olham para o mar e não vêm senão uma vastidão de água a perder de vista. Esta é uma das razões para o mar, e os ecossistemas marinhos, não sensibilizarem as pessoas. Não é por outro motivo que apenas poucos animais marinhos conseguem tocar o coração do vulgo: as baleias, os golfinhos, e as tartarugas. Justamente os animais que podem ser vistos porque precisam de ar para viver. Vêm à tona com frequência, assim sensibilizando ‘corações e mentes’.

aquário do rio de janeiro, imagem de um dos tanques do aquário do rio de janeiro
aquário do rio de janeiro

Agora, o aquário do Rio de Janeiro vai suprir este problema. Os visitantes poderão ver diversas espécies em seu habitat, e certamente vão comparar o que vêm no aquário, a beleza da vida marinha em suas diversas formas, cores, e tamanhos, com a situação de miséria da baía de Guanabara. O site mar sem fim tem certeza que os visitantes que saírem do aquário, vão olhar a baía com outros olhos. Talvez isso precipite o início da despoluição.

Como disse o filósofo inglês John Locke,

…todo conhecimento é baseado na experiência dos sentidos.

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Mais um motivo para saudarmos o AquaRio. Ele agora vai despertar a ‘experiência dos sentidos’ para a questão marinha.

Estrutura do aquário do Rio de Janeiro

São 28 tanques; 26 mil m2 de área construída; 4,5 milhões de litros de água; R$ 130 milhões de investimento privado. Ele será dirigido pelo biólogo marinho Marcelo Szpilman.

aquário do Rio de Janeiro, imagem de Marcelo Spillman
aquário do rio de janeiro

AquaRio, uma glória para os cariocas, e todos os brasileiros

O site Mar Sem Fim parabeniza todos os envolvidos com o AquaRio, a nova atracão que, certamente, vai ajudar a conscientizar o público sobre a importância do maior e mais importante ecossistema do planeta, sem o qual não haveria vida: os oceanos.

Saiba mais sobre a baía de Guanabara.

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