COP 21 acompanhe a avaliação de especialistas

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COP 21 – a difícil renúncia aos combustíveis fósseis, e outros problemas

COP 21:atualizado

“21ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima”.  Paris, de 30 de novembro até 11 de dezembro de 2015.

COP 21 - entenda
Foto: culturamix.com

Em artigo para o Estadão, em 21 de dezembro de 2015, José Goldenberg faz um retrospecto das reuniões internacionais da COP 21

O que se tentou em 1992, na Conferência do Rio, e em 1997 com o Protocolo de Kyoto foi tomar decisões que obrigassem os países a reduzir as emissões responsáveis pelo aquecimento global até 2012. Essa obrigação não envolveu países em desenvolvimento. Em retrospecto, essa decisão não era realista, como se viu logo depois: o maior dos emissores, os Estados Unidos, não ratificou o protocolo. E a China, que não aceitou limitações nas suas emissões, baseou seu crescimento econômico no uso do carvão. Em poucos anos a China se tornou o maior dos emissores, suplantando os EUA.

Goldenberg explica o que foi tentado na COP 21

O que foi feito em Paris, foi tentar harmonizar as decisões unilaterais e voluntárias feita pelos países de reduzir suas emissões até 2025 ou 2030. Torná-las obrigatórias, criar mecanismos de fiscalização internacional e criar fundos para ajudar os países menos desenvolvidos foram o objeto das negociações.

O professor compara:

Os que achavam que que o campo de batalha seriam as conferências do clima, perceberam que a verdadeira batalha deveria ser travada dentro de cada país, onde políticas internas eram decididas e adotadas.

Goldenberg avalia o papel do Brasil:

COP 21 - entenda
Queimadas na Amazônia ( foto: fapeam.am.gov.br)

No Brasil, a redução do desmatamento da Amazônia desde 2005 permitiu ao país assumir metas quantitativas.

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Conclusão 

Em lugar de decisões multilaterias de cima para baixo, foram adotadas políticas unilaterais de baixo pra cima.

Breve levantamento do que aconteceu com os maiores protagonistas, desde a Conferência do Rio.

O governo da China percebeu que o uso ilimitado do carvão deteriorou seriamente a qualidade do ar nas grandes cidades chinesas. Pos essa razão decidiu que até 2030 o uso do carvão não aumentará mais e começará a declinar

Comparação do modelo atual x o anterior

A divisão artificial do mundo em dois grupos, o dos industrializados e o dos países em desenvolvimento, desapareceu. Todos países estão comprometidos a reduzir suas emissões.

Dificuldades no caminho

Goldenberg sabe que não será fácil acontecer de fato, o que ficou preestabelecido em Paris

A preocupação com as gerações futuras por governos que enfrentam eleições a cada quatro ou cinco anos, não é trivial. Apesar de tecnicamente viável, não vai ser fácil por em prática os compromissos apresentados.

 Goldenberg comenta sobre países  e blocos

Na Europa, o uso mais eficiente da energia é o caminho mais promissor para reduzir as emissões. Nos países em desenvolvimento é inevitável que as emissões cresçam. Mas o que cabe fazer é incorporar tecnologias mais eficientes, principalmente o uso das energias renováveis. No Brasil os caminhos são claros: reduzir o desmatamento da Amazônia e promover a recuperação de áreas já degradadas.

Para encerrar, o professor Goldenberg faz um último comentário sobre a posição brasileira na COP 21

Os compromissos apresentados pelo país em Paris não foram acompanhados por propostas concretas e confiáveis

A posição do Brasil: ex- presidente, Fernando Henrique Cardoso, em artigo publicado pelo Estadão (3/1/16)

A Conferência do Clima, em Paris, deu sinais de que os governos e as empresas despertaram e perceberam que o aquecimento global é um fato. Pode-se criticar o acordo num ou noutro ponto. Mas ele dá passos concretos para a construção de uma economia de baixo carbono. A César o que é de César: o governo brasileiro, com a ministra Isabella Teixeira à frente, acordou e começa a acertar os passos em matéria climática.

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COP 21 - entenda
Gráfico: globo.mestrando2011.blogspot.com

O Secretário Geral da ONU também se pronunciou sobre a COP 21 em artigo publicado pela Folha de S. Paulo, em 20/12/2015

Os governos inauguraram uma nova era de cooperação global sobre a mudança climática, umas das questões mais complexas que a humanidade já enfrentou

Considerações de Ban Ki – Moon 

O Acordo de Paris é um triunfo para as pessoas, o meio ambiente e para o multilateralismo. Pela primeira vez os países se comprometeram a reduzir suas emissões. Reforçar a resiliência e agir internacionalmente…188 países já apresentaram suas contribuições nacionais, e prometeram rever seus planos a cada cinco anos, a partir de 2018…Agora nossos pensamentos devem se voltar para a implementação desses planos

Ricos ajudam os mais pobres

COP 21 - entenda
Mapa NG se todo gelo derretesse

Washington Novaes  escreveu para O Estado de S. Paulo sobre a COP 21, em 18/12/2015

A controvérsia continua entre cientistas políticos que o consideram (o Acordo de Paris) um documento histórico e inédito e outros que o julgam até agora um retrocesso. O  The New York Times avaliou: o acordo é um passo decisivo mas, sozinho não salavará um planeta que enfrenta derretimento de gelos polares, a morte de dezenas de milhares de pessoas por tsunamis e enchentes, e onde a agricultura mundial está sob graves ameaças.

Sobre o desmatamento da Amazônia

COP 21 - entenda

Continaum fortes as discussões sobre o desmatamento e sua influência nas mudanças do clima principalmente depois que se noticiou (Estado de S. Paulo, 27/11/2015) haver ele aumentado em 16% entre agosto de 2014 e julho de 2015. Embora seja o terceiro menor desmate anual, foram 5.831 quilômetros quadrados, por causa do retorno de grandes cortes rasos.

Emissões brasileiras por segmento, dados oficiais

COP 21 - entenda
Emissões brasileiras por segmento

Carlos Afonso Nobre doutor em Meteorologia pelo MIT (Massachussets Institute of Technology), e membro do IPCC, Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática

 Carlos Nobre, pesquisador respeitado, presidente da Capes, Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, em entrevista para o Blog do Planeta, em 18/12/2015,  diz que ” o Brasil não está preparado para se adaptar ao antropoceno”.

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Na apresentação da entrevista há uma declaração emblemática do cientista

Nunca, em toda a história da vida na Terra, uma espécie alterou tanto o planeta, e em uma escala tão rápida, quanto a humanidade. Mudamos os cursos de rios, alteramos a composição química da atmosfera e dos oceanos, domesticamos plantas e animais a ponto de sermos considerados uma “força tectônica” no planeta. Esse impacto é tão forte que alguns cientistas estão propondo mudar a época geológica – deixaríamos o holoceno, que começou com o fim da era do gelo, e passaríamos ao antropoceno, a época dominada pelo homem.

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Gráfico: amanatureza.com

O problema da água

Outra crítica sobre a COP 21 diz respeito às negociações que não contemplaram o problema da água. O site Funverde foi feliz ao abordar o assunto.

A situação da água é um dos principais indicadores sobre os efeitos da mudança climática. Por causa do aumento da temperatura média global, até o final do século as fontes renováveis na superfície e os recursos hídricos subterrâneos diminuirão consideravelmente nas regiões secas subtropicais.

Estamos enfrentando alterações de ecossistemas essenciais para o ciclo d’água, em escala planetária, como o derretimento das geleiras, a salificação de mananciais (decorrente do aumento do nível do mar) e a acidificação dos oceanos.

O problema é muito sério

Como se vê, o problema é muito sério. Mesmo acreditando nas analises mais otimistas, a humanidade esta diante de um desafio de proporções épicas. É preciso muito esforço, dinheiro, e a colaboração de todos. Não espere a ação dos  governos para  mudar. Todos os  habitantes do planeta, minimamente conscientes, devem fazer sua parte. Comece já. Não é tão difícil. Basta mudar alguns hábitos e já estaremos contribuindo.

(foto de abertura: hypescience.com)

Mancha de lixo do Pacífico e portas de saída?

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